Capoeira Angola Music - Lyrics: Ladainhas, Chulas & Corridos

INTRODUCTION

Capoeira Angola is always played to music. It is not incidental, but rather a crucial element to the game. The reason for this is that during the game there is not only interaction between the players themselves, but also between the music and the players. Often subject matter of songs will describe a situation occurring within the roda, or will call players to change the quality of the game in some way. In an even more fundamental way, the rhythm being played calls for a certain kind of game between the players. For example, one rhythm known as Angola calls for slower games, and less aggressive interaction. Another known as Jogo de Dentro calls for players to play within close proximity to each other. Although these rhythms, or toques are well known to everyone, it is rare to observe a distinct change in the game based on a toque changing besides a pause to allow the musicians to settle into the new rhythm and a singer to sing an appropriate song.

There are different types of songs in Capoeira Angola, but generally they take the form of call and response; that is, a leader will sing something, and the chorus responds with some other line. One notable exception to this is a type of song known as ladainhas, which is a solo sung at the beginning of the roda, and which leads into the more call and response style of music, called corridos, with an interlude called chulas or louvações where certain characteristics of the game or the players or the roda or other circumstances are called out, usually from a varied but well-known set of possible choices to describe something that is present in the mind of the singer.

Music is always in Portuguese, but there are influences of West African and Native American dialects from Brazil present in the lyrics. While subject matter of the music is varied, many songs are metaphorical in nature and tell stories that illustrate the worldview of the Angoleiro or practitioner of Capoeira Angola (typically a poor, black male).

The most important instrument is the berimbau which is a one-stringed instrument which is usually made from a piece of beriba wood, native to Brazil, a steel wire from a car or truck tire, and a calabash gourd as a resonator. It produces a very distinctive sound that practitioners of capoeira recognise and respond to.
This musical bow is one of the oldest in the world, as drawings of its cousins have been found in caves dating back 1000s of years. The string resonates through the gourd, known as a cabaça.

The berimbau can only create three different pitches – a high one, a low one, and a buzz note, that is sort of in between the other two notes and is created by the metal disc pressing fretting the string not being secured firmly against the string, but does not have a definite tone or pitch. Generally three berimbaus of different pitches are present in a Capoeira Angola roda, providing three different pitches. The deepest is the gunga, the middle is called the medio and the highest is called the viola which is given the most freedom to solo and improvise. The berimbau is crucial to the game in a way that other instruments are not, because the rhythm, which calls players to play certain kinds of games, is set by what the gunga plays. Other instruments used include cousins of the tambourine, conga drum, and cowbell, known as the pandeiro, atabaque, reco reco and agogô, respectively.

Quality of music is not judged in the same way as western music. This can be noted by the fact that instruments are almost always out of tune with each other relative to well-known tonal systems, as are the singers. The most important thing in Capoeira Angola music is creating a good positive energy, which Angoleiros affectionately refer to as axé or energia. As well, the rhythm or tempo must be maintained at all times.

LADAINHAS

A História de Pastinha (M. Manoel)

Iê!
Senhores peço licença (2x)
Pra contar uma história
Essa história meu colega
É da Capoeira Angola
Mestre Pastinha
Foi o Rei da Capoeira
De Angola em Salvador
Morreu pobre na miséria
Mas hoje tem o seu valor
Me ensina Mestre,
O Africano lhe ensinou
Me ensina Mestre
O Africano lhe ensinou
Camará
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[CD Capoeira Angola – Vem Jogar Mais Eu Meu Irmão, Centro Ypiranga De Pastinha, 2007]

A História do Mestre Pastinha (CD GCAP1)

Iê!
Tamanho não é documento (2x)
Isso eu posso lhe provar
Meu Mestre bateu de sola
Num crioulo de assombrar
Apesar de muito baixo
Nunca levou prejuízo
Ele disse pro diabo
De ajuda não preciso
Essa peleja se deu
Na ladeira da Lapinha
Entre o diabo malvado
E o Mestre Pastinha
Camará
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[CD Capoeira Angola, GCAP 1, Mestre Moraes, 1996]

A Verdade (CD GCAP 4)

Iê!
Eu já lhe disse que sou (x2)
Planta de raiz profunda
Eu aguento tempestade
O meu barco não afunda
Eu sou aço de primeira
Que a brasa não derrete
Flecha de má pontaria (x2)
Duvido que me acerte
Forte como o baobá
Tronco grosso e resistente
Osso duro de roer
Que não é pra qualquer dente
Nasci carne de terceira
Difícil de cozinhar
Mas sou fácil pra qualquer
Que saiba me conquistar
Que não venha com coleira
Pra querer me escravizar
Camará
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[CD Ligação Ancestral, GCAP 4, Mestre Moraes, 2006]

ABC de Vilela (CD M. Canjiquinha & M. Waldemar)

[Cordel: Valente Vilela]

Iê!
Senhores peço licença
Para contar uma história
É do valente Vilela
Trago sempre na memória
Ele lutou quinze anos
Sempre alcançando a vitória
Ali tinha um capitão
Um sujeito muito ousado
Disse, eu vou na Serra Torta
Trago Vilela amarrado
N’outro dia bem cedo
Marcharam para o lugar
Onde Vilela morava
O povo foi ensinar
Chegou lá o capitão
Mandou a casa cercar
Cercaram ali a casa
Ficaram de prontidão
Vilela abra a porta
Por ordem do capitão
Você hoje sai daqui
Direitinho para prisão!
Vilela tava em casa
Sem nada disso saber
Disse, vocês vão se embora
Não venham me aborrecer
Responda-me soldado
Se vem matar ou morrer?
O soldado respondeu
Não vim matar e nem morrer
Tá enganado sujeito
Por ordem do delegado
Que é um homem de direito
Você hoje me da conta
Das mortes que já tem feito
Eu aqui na Serra Torta
Já brigo pelo comum
Um homem que mata cem
Também mata cento e um
Camará
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[CD dos Mestres Canjiquinha e Waldemar, 1986]

Abre os Olhos Siri de Mangue (CD M. Canjiquinha & M. Waldemar)

Iê!
Abre os olhos Siri de Mangue (2x)
Todo tempo não é um
Veja que a maré de março
É maré de guaiamu
Entre grandes e pequenos
Hoje não me escapa um
Siri tá se vendo doido
Na presa do guaiamu
Camará
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[CD dos Mestres Canjiquinha e Waldemar, 1986]

Amanhã é dia Santo (GCAP 5)

Iê!
Amanhã é Dia Santo
Dia de Corpo de Deus
Quem tem roupa vai na missa
Quem não tem faz como eu
Casa de palha é palhoça
Se eu fosse fogo, eu queimava
Toda mulher ciumenta
Se eu fosse a morte, eu matava
Camará
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[CD Roda de Angola, GCAP 5, Mestre Moraes, 2008]

Amizade (M. Russo de Caxias)

Iê!
Tem certas coisas nessa vida (2x)
Que eu passei e vou passar
Muita dor e muita tristeza
Que eu não quero nem falar
Mas também tem coisas boas
Como o céu e como o mar
É um sorriso das crianças
É a morena de requebrar
Tem a Roda de Caxias (2x)
Para quem quer vadiar
E foi lá que eu entendi
Que mais que tudo nessa vida
A gente tem que dar valor
Uma amizade do peito
Sem malícia e sem temor
Tristeza não é chorar
Mas também para acalentar
A sutileza de um dizer
Que se deve falar
É brigar por um amigo (2x)
Com toda ou sem razão
Guardando dentro do peito
Junto do seu coração
Riqueza não é milhão (2x)
Pobreza não é vintém
Rico é quem tem amigo
Pobre é quem vive sem ninguém
Camará
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[CD Tempero Da Massa, Musicalidade da roda livre de capoeira de Duque de Caxias, 2o11]

Ancestralidade (CD GCAP 4)

Iê!
Agô, Senhora Menina (2x)
Agô, ya agô babe
No ilê estou chegando
Quero dizer mojubá
Inquice, voduns e tatas
Olorum, bàbá Ogum
A deusa dos nove ventos
A deusa dos nove ventos
Mojubá ya mesorum
Vou vencer esta batalha
Com a ajuda de Xangô
Peço licença a vovó
Peço licença a vovô
Camará
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[CD Ligação Ancestral, GCAP 4, Mestre Moraes, 2006]

Andei o Brasil Inteiro (M. Boca Rica)

Iê!
Andei o Brasil inteiro
Passei na televisão
Hoje sou um grande Mestre
Um grande cidadão
Fui servente de pedreiro
Por não ter a profissão
Nada disso me importa
Na Angola sou um guerreiro
Estou sendo divulgado
Até lá no estrangeiro
Camará
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[CD A Poesia de Boca Rica, Berimbau Solo Capoeira Angola, 2000]

Angoleiro Parece uma Cobra (M. Pedrinho de Caxias)

Iê!
Angoleiro parece uma cobra (2x)
Se rasteja pelo chão
E seu veneno é perigoso
Quando não cega, aleija
Até pode lhe matar
Parece praga de madrinha
Quando roga é pra pegar
Andam dizendo por aí
Que Angola vai acabar
Andam dizendo por aí
Que Angola morreu
Mandinga de Ambalas
Quilombos dos Arerês
Angola ressuscitou
Camará
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[CD Raiz Do Feitiço, Mestre Pedrinho Mandinga de Caxias, Grupo TMA, 2010]

Antigamente (CD GCAP 2)

Iê!
O sapato quando aperta (2x)
É porque o pé cresceu
Mulher sorrindo pra outro
O marido que morreu
Pai e mãe larga o sorriso
Filho novo que nasceu
Feito atrás das bananeiras
Quando o céu escureceu
No passado quando a moça
Pensava em casamento
Falava pro pretendente
Pra pedir consentimento
Pro pai, a mãe e a família
Pra provar ter sentimento
Hoje a noiva se preocupa
Que dia ele vai ter aumento
Camará
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[CD O GCAP Tem Dendê, GCAP 2, Mestre Moraes, 1999]

Anu (Domínio Público)

Iê!
Anu não canta em gaiola (2x)
Nem bem dentro, nem bem fora
Só canta em formigueiro
Quando vê formiga fora
Camará

Bahia Nossa Bahia (M. Roberval)

Iê!
Bahia nossa Bahia
Terra de gente festeiro
Mas Deus abençoou
Abençoou de tal maneira
Salvador minha capital
E Bahia é meu estado
Onde mora muita gente
Gente bem civilizado
Quem falar mal da Bahia
É gente mal despeitado
Nem começo nem passado
Não tem história mas tem fim
Quem falar mal da Bahia
Tão falando mal de mim
Camará
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[CD Bahia nossa Bahia, Mestre Roberval e Grupo de Capoeira Filhos de Angola, 2008]

Bahia Velha Bahia (CD M. Pastinha)

Iê!
Bahia velha Bahia (2x)
Capital é Salvador
Quem não conhece a capoeira
Não pode dar seu valor
Capoeira veio da África
Africano foi quem trouxe
Todos podem aprender
General, também doutor
Quem desejar aprender
Vem aqui em Salvador
Procure o Mestre Pastinha
Ele é o professor
Camará
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[CD Capoeira Angola, Mestre Pastinha e sua Academia, LP 1969]

Bê-a-Ba do Berimbau (CD M. Pastinha)

Iê!
Eu vou ler o bê-a-ba (2x)
Bê-a-ba do Berimbau
A cabaça e o caxixi, colega velho
E um pedaço de pau
A moeda e o arame, colega velho
Está aí um berimbau
Berimbau é um instrumento
Que se toca numa corda só
Pra tocar São Bento Grande
Toca Angola em som maior
Agora acabei de crer
Berimbau é o maior!
Camará
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[CD Capoeira Angola, Mestre Pastinha e sua Academia, LP 1969]

Beleza (CD GCAP 3)

Iê!
Mulher bonita é pedaço
Mulher feia cacundé
A vaca mansa dá leite
A braba da quando quer
Mocinha casa depressa
A velha quando puder
Valha-me Nossa Senhora
Mão de Deus de Nazaré
Já fui barco, fui navio
Eu hoje sou escaler
Já fui linha de meada
Eu hoje sou carretel
Já fui menino, sou homem
Só não posso ser mulher
Camará
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[CD Brincando na Roda, GCAP 3, Mestre Moraes, 2000]

Besouro Tava Dormindo (Domínio Público)

Iê!
Besouro tava dormindo
Acordou com dor de dente
Dando tapa em Baraúna
Pensando que era o tenente
Correu na porta do fundo
Saiu na porta de frente
Ninguém segura Besouro
Quando tá com dor de dente
Besouro quando morreu
Abriu a boca e falou
Meu filho nunca apanhe
Que seu pai nunca apanhou
A Iúna é mandingueira
Quando tá no bebedor
Diz que é rápida e ligeira
Mas capoeira matou
Digo adeus Maracangalha
Que é terra de matador
Camará

Brincando na Roda (CD GCAP 3)

Iê!
Vamos lá brincar na roda
No jogo do embolador
Nesta roda de mandinga
És o meu que Deus mandou
Os seus olhos já me dizem
Que eu sou o ganhador
Quero ver rodar na roda
Na roda viver o rodar
Na roda vou dar uma volta
Vou ver o mundo girar
Na volta que o mundo deu
Na volta que o mundo dá
Se eu conseguir nesta roda
Na outra dá pra levar
Camará
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[CD Brincando na Roda, GCAP 3, Mestre Moraes, 2000]

Camaleão (CD GCAP 3)

Iê!
Se eu quiser mudar de cor (2x)
Basta que eu saia do sol
Peixe quando quer morrer
Come isca de anzol
O patrão ficou de olho
Nas coisas que eu dizia
E se esqueceu de olhar
As coisas que eu fazia
O lagarto se esconde
Onde fica protegido
Eu não sou camaleão
Mas posso ser colorido
O lagarto é brasileiro
Anda de verde e amarelo
Quando quer pegar barata
Não precisa de chinelo
Quando o galo bebe água
Agradece, olha pro céu
Chuva fina amoleceu
A aba do meu chapéu
Camará
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[CD Brincando na Roda, GCAP 3, Mestre Moraes, 2000]

Capenga Ontem Teve Aqui (M. Bimba)

Iê!
Capenga ontem teve aqui
Capenga ontem teve aqui
Deu dois mil réis a papai
Três mil réis a mamãe
Café, açúcar a vovó
Deu dois vintém pra mim
Sim senhor, meu camará
Quando eu entrar, você entra
Quando eu sair, você sai
Passar bem, passar mal
Mas tudo no mundo é passar
Haha…
Água de beber
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[CD Curso de Capoeira Regional, Mestre Bimba, LP 1969]

Capoeira é Arma Forte (Mª Janja)

Iê!
Tava andando pelo mundo
À procura de amor
A vida foi cruel
Só mostrou tristeza e dor
Cada canto eu que passava
Tinha muito sofredor
Vi o meu irmão caído
Cheio de fome o lambedor
Roubando, matando outros
Em nome do desamor
Só não é do meu espanto
Que esse irmão seja de cor
Cada vez que eu caia
Da minha luta eu recordava
Capoeira é arma forte
Quando aqui não diz mais nada
Apesar de tanta dor
Esse mundo tem valor
Salve tateto Mukumbi
Kaiongô quem me mandou
Camará
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[CD Nzinga Capoeira Angola, 2007]

Capoeira é uma Arte (Domínio Público)

Iê!
Capoeira é uma arte
Que o negro inventou
Foi na luta de duas zebras
Que o N’golo se criou
Chegando aqui no Brasil
Capoeira se chamou
Ginga e dança, que era arte
Em arma se transformou
Para libertar o negro
Da senzala do senhor
Hoje aprendo essa cultura
Para me conscientizar
Agradeço ao pai Ogum
A força dos Orixás
Camará

Cascavel (CD GCAP 3)

Iê!
Quando vê que a cascavel (2x)
Tá se armando na rodilha
Agarrada no pé de pau
A preguiça se arrepia
Já senti na consciência
Que ali chegou seu dia
Bote fé meu camarada
Sua palavra valeu
Uma pedra deu na outra
Seu coração deu no meu
Por ter paixão verdadeira
Veja o que aconteceu
De amor por uma donzela
Foi que o valente morreu
Camará
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[CD Brincando na Roda, GCAP 3, Mestre Moraes, 2000]

Cobra Assanhada (CD M. Canjiquinha & M. Waldemar)

Iê
Quando vê cobra assanhada (2x)
Não bote o pé na rodilha
A cobra assanhada morde
Se fosse cobra eu mordia
Cachorro que engole osso
Em alguma coisa se enfia
Na goela ou na garganta
Ou em outra freguesia
Prenderam Pedro Mineiro
Dentro da Secretaria
Para dar depoimento
Daquilo que não sabia
Camará
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[CD dos Mestres Canjiquinha e Waldemar, 1986]

Cobra Malvada (M. Felipe de Santo Amaro)

Iê!
A filha da cobra é mansa (2x)
A cobra velha é malvada
A filha não tem veneno
A cobra velha é envenenada
E quando ela está dormindo
Ela está com o bote armado
O bote dela é ligeiro
E a picada é pra matar
Camará
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[CD Angoleiros do Sertão e do Recôncavo, Mestre Cláudio e Mestre Felipe, 2009]

Conselho de Mãe (CD GCAP 2)

Iê!
Minha mãe já me dizia (2x)
Meu filho tome juízo
Mulher é muito bom
Mas também dá prejuízo
Não vou na sua casa
Pra você não ir à minha
Você tem a boca grande
Pra comer minhas galinhas
No lugar onde eu nasci
De manhã tem oração
Ajoelhado na igreja
Na cintura seu facão
Camará
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[CD O GCAP Tem Dendê, GCAP 2, Mestre Moraes, 1999]

Contaram à Minha Mulher (CD M. Canjiquinha & M. Waldemar)

Iê
Contaram minha mulher (2x)
Que a policia me intimou
Dentro da delegacia
Para dar depoimento
De um caso que eu não passei
Quem me der também apanha
E outro remédio não há
Na igreja bateu o sino
La na mata deu sinal
Mataram Pedro Mineiro
Dentro da delegacia
Delegado me intimou
Para dar depoimento
De um caso que eu não sabia
Camará
________________

[CD dos Mestres Canjiquinha e Waldemar, 1986]

Corpo Fechado (M. Poloca)

Iê!
Eu tenho corpo fechado
Por olho não morro não
Eu tenho meu protetor
Me pegar não é fácil não
Contra faca de ticum
Aprendi uma oração
Sapato com presa dentro
O meu pé não boto não
Não uso roupa dos outros
Nem empresto o meu dobrão
Não como comida alheia
Roupa minha vendo não
Dia de roda não bebo
Em mulher não ponho a mão
Camará
________________

[CD Nzinga Capoeira Angola, 2007]

Devedor (CD GCAP 2)

Iê!
Menino fala a verdade (2x)
Na hora da confissão
Se quiseres ir pro céu
Desfrutar da salvação
Padre anda de batina
Mas não pense que é mulher
Me perdoe dos pecados
Jesus, Maria e José
O meu Santo protetor
Não me cobra um vintém
Não quero ser acusado
De dever nada a ninguém
Como posso dar dinheiro
Se o patrão não me pagou
Ladrão que deve a ladrão
Não existe devedor
Camará
________________

[CD O GCAP Tem Dendê, GCAP 2, Mestre Moraes, 1999]

Deus não deu Inteligência à Lobo (M. João Pequeno)

Iê!
Deus não deu inteligência a lobo
Nem cobra pode voar
De que vale esse corpo todo
Mas sem cabeça pra pensar!
Se ser forte fosse vantagem
Ter grande corpo documento
Seu Pastinha não existia
Tava no desconhecimento
Mas toda roda tem um bravo (2x)
Isso não da pra negar
E pensar que valentia
É ter vontade de brigar
Se valentia fosse coragem
Invés do corpo usasse a mente
Tu virarias Angoleiro
E de Pastinha, a semente!
Camará
________________

[CD Capoeira Angola, João Pequeno de Pastinha, 2000]

Dia Dia (M. Virgílio de Ilhéus)

Iê!
Ó Deus tenha piedade (2x)
Nos dê paz e paciência
Não existe mais amor
Hoje é tudo violência
Muita gente se mudando
Sem saber pra onde vai
Ver irmão matando irmão
Ver filho matando pai
Criança pedindo na rua
Bom de ir pra uma escola
Todo dinheiro que pega
Vai logo comprando cola
Logo fez 18 anos
Não ligou de estudar
Pôs uma arma na cintura
E começou a matar
Camará
________________

[CD Velho Angoleiro Ladainhas e Corridos, Mestre Virgílio de Ilhéus, 2007]

Dona Isabel, que História é Essa (M. João Pequeno)

Iê!
Dona Isabel que história é essa? (2x)
De ter feito abolição
De ser princesa boazinha
Que acabou com a escravidão
Estou cansado de conversa
Estou cansado de ilusão
Abolição se fez com sangue
Que inundava esse país
Que o negro transformou em luta
Cansado de ser infeliz
Abolição se fez bem antes
Ainda há por se fazer agora
Com a verdade das favelas
Não com a mentira da escola
Ô Isabel chegou a hora
De se acabar com essa maldade
E de ensinar pros nossos filhos
O quanto custa a liberdade
Viva Zumbi, nosso guerreiro
Que fez-se herói lá em Palmares
Viva a cultura desse povo
A liberdade verdadeira
Que já corria nos quilombos
Que já jogava capoeira
Camará
_______________

[CD Capoeira Angola, João Pequeno de Pastinha, 2000]

Donzela Teodora (CD M. Bigodinho)

Iê!
Lá vem a cavalaria (2x)
Da Donzela Teodora
Em cada cavalo uma cela
Em cada cela uma senhora
Três Marias, três Joãos
Três tocadores de viola
Toca a viola ioiô
Venha cá não faça hora
A mulher que engana o homem
É danada de teimosa
Mulher que é falsa ao marido
Ela jura contra a fé
Vai à casa da justiça
E lá diz o que não é
Mulher que é falsa ao marido
É fácil de conhecer
Tem um ar de falso nos olhos
Que é pra todo mundo ver
Camará

Doutorado (CD Mestre Camaleão)

Iê!
Andam dizendo por aí (2x)
Que uma lei já se formou
Pra regulamentar capoeira
Isso é coisa de doutor
Quem elaborou essa lei
Quem elaborou essa lei
Capoeira não jogou
Capoeira nasceu no gueto
E o mundo já ganhou
A capoeira está livre
Desse sistema opresor
Para ser bom capoeira
Para ser bom capoeira
Não precisa ser doutor
Todo Mestre é doutorado
Dessa arte meu senhor
Camará
________________

[CD Vai na paz de Deus, Mestre Camaleão, 2001]

Ela tem Dente de Ouro (Domínio Público)

Iê!
Ela tem dente de ouro (2x)
Foi eu quem mandei botar
Vou jogar nela uma praga
Pra esse dente se quebrar
Ela de mim não se lembra
Nem dela vou me lembrar
Menina diga seu nome
Que eu também lhe digo o meu
Eu me chamo chita fina
Daquele vestido seu
Casa de palha é palhoça
Se eu fosse o fogo eu queimava
Toda mulher ciumenta
Se fosse a morte eu matava
O meu pai sempre dizia
Que mulher matava homem
Agora acabei de crer
Quando não mata consome
Camará

Ele diz que eu sou Covarde (M. Paulo dos Anjos)

Iê!
Ele diz que eu sou covarde (2x)
Disse até que eu tenho é medo
Minha mãe me avisou
Se tu jogar capoeira
Tu se cuide enquanto é cedo
Galinha de um olho só
Procura o puleiro cedo
Respondi pra minha mãe
Goteira de bica fina
Nunca vai furar rochedo
Camará
________________

[CD Capoeira Angola da Bahia, Mestre Paulo dos Anjos, 1992]

Enganador (CD GCAP 6)

Iê!
Eu vejo no seu andar (2x)
O que você é de fato
Com discurso de Zumbi
Mas é capitão do mato
Virou moda, e muita gente
Tem tentado enganar
Até chora e diz que quer
Ver o negro se libertar
Mas no fundo o que quer mesmo
É voltar a escravizar
Mas Ogum me deu conselho
Tenha fé e vá em frente
Filho meu não foge a luta
Tão cedo, tão de repente
Contra vermes e minhocas
Disfarçados de serpente
Você muito bem conhece
A história já contou
O negro nunca desiste
Da luta contra o feitor
Diz que é abolicionista
Pelas cotas e coisa e tal
Se aproveitando do outro
Nessa luta desigual
Camará
________________

[CD Meu Viver, GCAP 6, Mestre Moraes, 2010]

Era eu, era meu Mano (CD M. Canjiquinha & M. Waldemar)

Iê!
Era eu era meu mano
Era meu mano mais eu
Nós vimos a terra molhada
Mas não vimos quando choveu
Era eu era meu mano
Quando os dois andavam juntos
Eu não sei se Deus consente
Numa cova dois defuntos
Dedo de munheca é dedo
Dedo de munheca é mão
Sangue corre pelas veias
Na palma da minha mão
Camará
________________

[CD dos Mestres Canjiquinha e Waldemar, 1986]

Eu já Vivo Enjoado (M. Pastinha)

Iê!
Eu já vivo enjoado
De viver aqui na terra
Amanhã eu vou pra lua
Falei com minha mulher
Ela então me respondeu
Nós vamos se deus quiser
Vamos fazer um ranchinho
Todo cheio de sapé
Amanhã as sete horas
Nós vamos tomar café
Eu que nunca acreditei
Não posso me conformar
Que a lua vai à terra
E a terra vai pro ar
Tudo isso é conversa
Pra comer sem trabalhar
Mas ô senhor, amigo meu
Ouça bem o meu cantar
Quem é dono não ciuma
Quem não é quer ciumar
Camará
________________

[CD Capoeira Angola, Mestre Pastinha e sua Academia, LP 1969]

Eu sou Livre Como o Vento (CD M. Boca Rica e M. Bigodinho)

[Cordel: Riachão]
Iê!
Sou livre como o vento (2x)
Minha linguagem é nobre
Nasci dentro da grandeza
Não saí da raça pobre
Quero que fique sabendo
O peso de um cantador
Quando me vê outra vez
Me trate de professor,
Renda-me obediência
Reconheça meu valor
Você diz que tem ciência
Me dê uma explicação
Como é que em doze horas
Há uma transformação
Não é o sol quem se move
Este é fixo em seu lugar
A terra tá sobre o eixo
E o eixo faz rodar
Uma cobra tão pequena
Mata um boi agigantado
Camará

Eu sou Livre Como o Vento (CD FICA Bahia)

Iê!
Eu sou livre como o vento, ai meu Deus
Ninguém vai me segurar (2x)
Nasci dentro da pobreza
Não nasci da raça pobre
Minha mãe sempre me disse
Menino toma cuidado
Esse mundo é muito bom
Mas tem muita falsidade
Você nega porque quer
Menino ficou zangado
Pensamento é ligeiro
Com a força de Sansão
Oração de São Matheus
Você diz que ama Deus
Mas ele te enganou
De um lado ele fez bem
Do outro lado, ele renegou
Fez um rico, outro pobre
Fez um cego, outro aleijado
Salomão ele fez rei
De São Pedro fez soldado
Vou me embora pra bem longe
Vou pra perto de meu Deus
Camará
________________

[CD Das Voltas Que O Mundo Deu Às Voltas Que O Mundo, FICA Bahia, 2005]

Eu Tive um Sonho (M. Jurandir)

Iê!
Eu tive um sonho
Eu pareço Ganga Zumbi
Eu tive um sonho
Que na outra encarnação
Eu era rico, muito rico
Tinha até muitas fazendas
Um grande canavial
Dez empregados
Dez mulher pra me ajudar
Todas elas bem bonitas
De idade variada
Eu acordei
Tive uma decepção
Que nesse mundo
Nunca tive um tostão
O que eu tenho
O que eu fui
O que eu sou
Só tenho a graça de deus
Dentro do meu coração
O meu dinheiro
Trabalhei no cafezal
Pra comprar uma calça branca
E fazer meu berimbau
Mas tudo isso
Foi um sonho passageiro
Me levaram por ladrão
E levaram meu dinheiro
Camará
________________

[CD Aos Mestres, FICA Rio de Janeiro, 2008]

Grande João Grande (CD GCAP 3, Mestre Moraes)

Iê!
Diga lá Mestre João (2x)
Grande homem de valor
Angoleiro respeitado
Hoje em dia é doutor
Tata kimbanda de Angola
A você eu peço agô
Foi só sair do Brasil
N’zambi lhe abençoou
Por manter a tradição
Você merece respeito
Orgulho pelo meu Mestre
Sempre carrego no peito
Pelo povo americano
De doutor já foi chamado
O cartão de passe livre
Logo lhe foi ofertado
Quem é bom já nasce feito
Já disse o velho ditado
Camará
________________

[CD Brincando na Roda, GCAP 3, Mestre Moraes, 2000]

Iê! Eu Tava lá em Casa (CD M. Pastinha)

Iê!
Iê! Eu tava lá em casa (2x)
Sem pensar sem imaginar
Quando ouvi bater na porta
Salomão mandou chamar
Para ajudar a vencer
A batalha liberal
Eu que nunca viajei
Não pretendo viajar
Entre Campos e Campina
Pernambuco e Ceará
Era eu era meu mano
Era meu mano era eu
Nós pegamos uma luta
Nem ele venceu nem eu
Camará
________________

[CD Capoeira Angola, Mestre Pastinha e sua Academia, LP 1969]

Iê! Tava em Casa (CD M. Caiçara)

Iê!
Iê! Tava em casa (2x)
Sem pensar, sem imaginar
Delegado no momento
Já mandou foi me intimar
É verdade meu colega
Com toda diplomacia
Prenderam o seu Caiçara
Dentro da secretaria
Para dar depoimento
Daquilo que não sabia
Minha mãe tinha três filhos
Eu era o mais sossegado
Saia boca da noite
E chegava de madrugada
Na roda da capoeira
Nunca dei meu golpe errado
Camará
________________

[CD Academia de Capoeira de Angola São Jorge dos Irmãos Unidos do Mestre Caiçara, 1973]

Iê! Tava em Casa (CD M. Traíra)

Iê!
Iê tava em casa
[O meu bem]
Sem pensar sem imaginar
Quando bateram na porta
[O meu bem]
Salomão mandou chamar
Para ajudar a vencer
[O meu bem]
A guerra com Paraguai
Entre Rio de Janeiro,
[O meu bem]
Pernambuco e Ceará
Quando bateram na porta (2x)
[O meu bem]
Salomão mandou chamar
Para ajudar a vencer
[O meu bem]
A guerra com Paraguai
Entre Rio de Janeiro,
[O meu bem]
Pernambuco e Ceará
Quando chegou por cabeça
[O meu bem]
Mandinga não vou levar
Sim sinhô amigo meu (2x)
[O meu bem]
Foi chegada vosso dia
Foi chegada vossa hora
Oi, eu sou desconfiado
[O meu bem]
Pra pegar no pau furado
Entre campo de batalha
E a medalha liberal
A medalha liberal
Eu não sou palha de cana
[O meu bem]
Pra morrer asfixiado
No céu entra quem merece
[O meu bem]
Na terra vale é quem tem
Camará
________________

[CD Capoeira da Bahia, Mestres Traira & Cobrinha Verde, LP 1963]

Iê Senhor bom Deus (M. Jurandir)

Iê!
Iê Senhor bom Deus
Escutai o meu lamento
Me fazei bom capoeira
Me livrai da tentação
Me livrai de todo o mal
Que inimigo não me veja
Tenha ouvido e não me escute
Também não vem me encontrar
Toda noite ao meu deitar
Não me esqueço de pedir
Tua vossa proteção
Camará
________________

[CD Das Voltas Que O Mundo Deu Às Voltas Que O Mundo, FICA Bahia, 2005]

Igreja do Bonfim (CD M. Paulo dos Anjos)

Iê!
Igreja do Bonfim (2x)
E o mercado modelo
Ladeira do Pelourinho
E baixa dos Sapateiros
Falo na Cidade Alta
Me lembrei lá do Terreiro
Igreja de São Francisco
E a Praça da Sé
Onde ficam as baianas
Vendendo acarajé
Por falar em Itapuã
Lagoa do Abaeté
Essa é minha cidade
Venha cá quando quiser
Camará
________________

[CD Capoeira Angola da Bahia, Mestre Paulo dos Anjos, 1992]

Irmandade (CD GCAP 4)

Iê!
Sabiá voou da mata (2x)
Pra fugir do gavião
Gavião ficou perdido
Sem saber da direção
Perguntou ao papagaio
Que logo falou: Não digo!
Amigo da mesma laia
Não ajuda inimigo
Quanto mais se observar
Que também corre perigo
Mas não tava muito longe
A danada traição
Pato pra se proteger
Colocando condição
Entregou o sabiá
Sem dor e sem coração
Sinto dor dentro do peito
Quando vejo hoje em dia
Tanto pato e gavião
Numa mesma moradia
Camará
________________

[CD Ligação Ancestral, GCAP 4, Mestre Moraes, 2006]

Já Canto há Muitos Anos (CD M. Canjiquinha & M. Waldemar)

Iê!
Eu já canto há muitos anos (2x)
Não vou em toda função
Arranco ponta de touro
Com essa fúria de leão
Nunca gerei ciência
Que pra mim tivesse ação
O diabo respondeu
O sinhozinho fique sabendo
O peso de um cantador
Renda me obediência
Reconheça meu valor
Quando me ver outra vez
Me trate de professor
Me diga de onde veio
Me diga pra onde vai
Se é casado ou solteiro
Que trabalho você faz
Riachão lhe respondeu
Eu não tenho superior
Sou filho da liberdade
Não conto a minha vida
Pois não há necessidade
Eu não sou foragido
Nem você é autoridade
Camará
________________

[CD dos Mestres Canjiquinha e Waldemar, 1986]

Jesus Cristo deu ao Homem (M. Roberval)

Iê!
Jesus Cristo deu ao homem
Um pouquinho do seu saber
E o homem atrevido
É de tudo quer saber
Saber o dia que chove
O dia que relampeja
Candeeiro sem pavio
Como a bichinha alumia
Ô doutor tu não mexa com a lua
Deixa a bichinha pra lá
Se o doutor mexer com ela
O mundo pode se acabar
Agora que meu Brasil
Já botou pra galopar
Parece um bezerro macho
Quando parte pra mamar
Camará
________________

[CD Com Deus Sou Vencedor, Mestre Roverval, 2009]

Jogo de Mandinga (M. Roxinho)

Iê!
Neste jogo tem mandinga
Eu também sou mandingueiro
Escuto o som do berimbau
Do atabaque e do pandeiro
Eu nasci lá na Bahia
E também sou um angoleiro
Da Capoeira de Angola
Não nego meu natural
Eu no pé do berimbau
Faço reza, faço prece
Pra me livrar das mandingas
Daquilo que não conheço
Pois vê lá o que acontece
Com quem não escuta o Mestre
Ou leva tapa de capenga
Ou na esquina permanece
Camará
________________

[CD Linhagem de Angola, Mestre Roxinho, 2009]

Joguei meu Lenço pra Cima (CD M. Canjiquinha & M. Waldemar)

Iê!
Joguei meu lenço pra cima (2x)
Aparei no canivete
Quem me ensinou essa quadra
Foi o Bamba Dezessete
Joguei meu limão pra cima
De maduro foi ao fundo
Tirei carta de malandro
Certidão de vagabundo
Na roda da malandragem
Eu não dei meu passe errado!
Camará
________________

[CD dos Mestres Canjiquinha e Waldemar, 1986]

Lá no céu tem três estrelas (Domínio Público)

Iê!
Lá no céu tem três estrelas
Lá no céu tem três estrelas
Todas três em carreirinha
Uma é minha, outra é sua
A outra vai ficar sozinha
Camará
________________

[CD Academia de Capoeira de Angola São Jorge dos Irmãos Unidos do Mestre Caiçara, 1973]

Ladeira do Pelourinho (M. Jogo de Dentro)

Iê!
Ladeira do Pelourinho
Onde eu comecei andar
Foi no Forte Santo Antônio
Eu comecei ir praticar
A Capoeira de Angola
João Pequeno tava lá
Os turistas todos dias
Iam nos prestigiar
O governador vendo isso
Tratou logo de acabar
Vendo Capoeira Angola
Era dança de matar
Olha, eu disse, governador
Não faça isso mais não
Capoeira de Angola
É uma grande tradição
Quando eu pego na viola
Dói até meu coração
E o jogo da Capoeira
É um jogo de irmão
Quando eu entro na roda
Não tem agressão
E o jogo da Capoeira
Do fundo do meu coração
Agradeço a meu Deus
E ao Mestre João
Por me ensinar a Capoeira
Com toda dedicação
Camará
________________

[CD Capoeira Angola Vol. 1, 1999, Mestre Jogo de Dentro]

Liberdade (CD GCAP 6)

Iê!
Quer comprar engenho novo
Só porque tu tem dinheiro
Nunca mais ninguém me joga
Dentro de navio negreiro
Atravessei a kalunga
Em direção do viver
Eu conheci a malandragem
Antes de você nascer
Quem olha de cá da terra
Pensa que o céu é azul
Cantoria lá na mata
Vem lá do maracatu
Malungo deixou saudade
Fugiu lá pro curuzu
Camará
________________

[CD Meu Viver, GCAP 6, Mestre Moraes, 2010]

Livramento (M. Russo de Caxias)

Iê!
Deus me livre das maldades
Do coração traidor
Do beijo da mulher falsa
Do político enganador
Deus me livre das maldades
De tudo quanto é ruim
E dos amigos que eu tenho
Quero que Deus faça assim
Vai dar de presente a eles
O que desejarem a mim
E aos que pedras me atirarem
Hoje vão para construção
O açude que os maldosos
Um dia se afogarão
Camará
________________

[CD Tempero Da Massa, Musicalidade da roda livre de capoeira de Duque de Caxias, 2o11]

Louvação a Pastinha (M. Manoel)

Iê!
Aconteceu
Até hoje ainda me lembro
Mas foi num dia de Novembro
Numa sexta-feira treze
Sofrendo durante meses
Mestre Pastinha morreu
Mas pra ele
A morte foi euforia
Pois viver aqui na terra
Passou fome e agonia
Bem-dito é o Mestre
Que chora fraco e chora bruto
Capoeira está de luto
Porque perdeu o seu guardião
Na capoeira
Teve fama e teve glória
O seu nome está gravado
Está gravado na memória
Adeus Pastinha
Pois a você canto uma prece
Pois bem que você merece
Iê vai com Deus
Descanse em paz
Camará
________________

[CD Gingando Na Luta Pela Cidadania E a Vida, Grupo de Capoeira Angola Ypiranga de Pastinha GCAYP, Mestre Manoel, 2003]

Mágoa (M. Russo de Caxias)

Iê!
Doeu forte no meu peito (2x)
Eu também não tive jeito
Com tamanha ingratidão
Você falou
Eu vou ficar do lado certo
E tomou a divisão
Eu me calei
E saí sem dizer nada
Já tô com a vida atrapalhada
E muita inflamação
E o berimbau
Esse amigo e companheiro
Que durante a vida inteira
Só me trouxe emoção
Se eu chorar
Me perdoem meus amigos
Eu tenho a alma ferida
E um sofrido coração
E o meu canto
É navalha afiada
É um mal que nunca sara
E por isso eu tô sentido
E por isso eu tô sentido
E por isso eu tô sentido
Mas é um A
Esse A é do amor
É o B do Berimbau
É o C da Capoeira
E vem o D
No dia que eu nasci
Muita coisa eu vivi
Muito tenho para contar
Camará
________________

[CD Tempero Da Massa, Musicalidade da roda livre de capoeira de Duque de Caxias, 2o11]

Maior é Deus (CD M. Pastinha)

Iê!
Ê maior é Deus (2x)
Pequeno sou eu
Tudo que eu tenho
Foi Deus que me deu
Tudo que eu tenho
Foi Deus que me deu
Na roda da Capoeira, ha ha
Grande pequeno sou eu
Camará
______________

[CD Capoeira Angola, Mestre Pastinha e sua Academia, LP 1969]

Marielle (Mª Janja )

Iê!
Foi no Rio de Janeiro (2x)
Num dia de quarta-feira
Mataram mais uma preta (2x)
Mataram uma companheira
Sua vida, minha colega
Sempre foi de muito risco
Pra quem luta todo dia
Contra o machismo e o racismo
Mas é na luta que aprendemos
Vai a flor, fica a semente
Enquanto estivermos juntas
Marielle está presente
Camará
________________

[CD Mestres Navegantes, Capoeira Angola 2, Grupo Nzinga & Grupo FICA, 2018]

Martelo do Ciúme (CD M. Canjiquinha & M. Waldemar)

Iê!
Contaram minha mulher (2x)
Que capoeira me venceu
Ela bateu pé firme
E jurou isso não aconteceu!
Quando eu entro você sai
Quando eu sair você entra
Nunca vi mulher danada
Que não fosse ciumenta
É martelo do ciúme
É ciúme do desejo
Quando o sino grande bate
Pequeno já bateu
Camará
________________

[CD dos Mestres Canjiquinha e Waldemar, 1986]

Menino Preste Atenção (M. Cobrinha)

Iê
Menino preste atenção
Nisso que eu vou lhe falar
Coisas que eu vivi
Tu um dia chega lá
Coisas que eu passei
Tu um dia vai passar
Minha mãe já me dizia
Filho, tome cuidado
Capoeira é muito bom
Mas tem muita falsidade
Sempre fui muito teimoso
Não ouvi minha mãezinha
Sai pelo mundo afora
O mundo da perdição
Fui jogar a capoeira
Menino, que mundo cão
Capoeira de Angola
Tudo que me ensinou
Nesse mundo de meu Deus
Ah meu Deus que eu também vou
Capoeira de Angola
Qualquer um pode jogar
Se jogar pra mim, eu pego
Vou jogar pra tu pegar
Camará
________________

[CD Nzinga Capoeira Angola, 2007]

Menino Quem foi seu Mestre (CD M. Pastinha)

Iê!
Menino quem foi seu Mestre? (2x)
Quem te Ensinou a brincar
O seu Mestre foi Besouro
Aprendeu com Mangangá
Eu aprendi foi com Pastinha
Quero contigo brincar
A capoeira de Angola
Africano quem mandou
Na capital de Salvador
Foi Pastinha quem me ensinou
E na roda de capoeira
Reconheço este valor
Camará
________________

[CD Capoeira Angola, Mestre Pastinha e sua Academia, LP 1969]

Menino Quem foi seu Mestre (Domínio Público)

Iê!
Menino quem foi seu mestre? (2x)
Meu mestre foi Salomão!
Sou discípulo que aprendo
Meu mestre me deu lição
O Mestre quem me ensinou
Tá no engenho da Conceição
A ele devo dinheiro
Saúde e obrigação
O segredo de São Cosme
Quem sabe é São Damião
Camará

Menino que Vende aí (CD M. Traíra)

Iê!
Menino que vende aí (2x)
É arroz de Maranhão
Meu senhor mandou vender
Na terra de Salomão
Sou discípulo que aprende
Sou Mestre que dou lição
Não há nada pra contar
Pois quem tá dentro resolveu
Era força de Sansão e oração de São Mateus
Quando amanheço zangado
Quem pode comigo é Deus
Camará
________________

[CD Capoeira da Bahia, Mestres Traira & Cobrinha Verde, LP 1963]

Menino que Vende aí (Domínio Público)

Iê!
Menino que vende aí
É arroz do Maranhão
Meu sinhô mandou vender
Na pedra de Salomão
Sou discípulo que aprendo
Meu mestre me deu lição
Na roda da capoeira
Nunca dou um golpe em vão
No dia que eu amanheço
Dentro de Itabaianinha
Homen não monta cavalo
Nem mulher deita galinha
Olha lá Sirí do Mangue
Todo tempo não é um
Você vê que você não pode
Na presa do guaiamu
Camará

Meu Viver (CD GCAP 6)

Iê!
De tudo já fiz um pouco
Aproveitei o viver
Quem se senta do meu lado
Dá logo pra perceber
Que lutar não me entristece
O tempo não me envelhece
Capoeira me aquece
Com o calor da experiência
Consegui fazer história
Tudo com muita alegria
Já me sinto hoje em dia
Ser mais um da galhardia
Fiz a minha Gengibirra
Noutro ponto da Bahia
Eu não sou maré sem medo
Mas sou da galanteria
Camará
________________

[CD Meu Viver, GCAP 6, Mestre Moraes, 2010]

Minha Mãe vou ser Bombeiro (CD M. Canjiquinha & M. Waldemar)

Iê!
Minha mãe vou ser bombeiro (2x)
Meu filho bombeiro não
O bombeiro apaga fogo
Anda com a morte na mão
Abre os olhos Siri de Mangue
Todo tempo não é um
Veja que você não aguenta
Com a presa do guaiamu
Já comprei todos os temperos
Só faltou farinha e banha
Eu não caio em arapuca
Em laço ninguém me apanha
Camará
________________

[CD dos Mestres Canjiquinha e Waldemar, 1986]

Miquelina Morreu Ontem (CD FICA Rio)

Iê!
Miquelina morreu ontem
Ontem mesmo se enterrou
Pra cova de Miquelina
Mando um buquê de flores
E a hora, hora grande
Quando eu cheguei na Bahia
Só pra ver a negra Rosa
Filha de negra Maria
Todo mundo viu a Rosa
Só eu mesmo que não via
Vizinho era meu parente
Viveu bem sem trabalhar
O meu pai trabalhou tanto
Nunca pode enricar
Não tinha um dia da semana
Que se esquece de rezar
Camará
________________

[CD Aos Mestres, FICA Rio de Janeiro, 2008]

Miquelina Morreu Ontem (M. Russo de Caxias)

Iê!
Miquelina morreu ontem
Ontem mesmo se enterrou
Miquelina morreu ontem
Teve gente que chorou
Pra cova de Miquelina
Mando um buquê de flores
Era hora grande
Quando eu cheguei na Bahia
Só pra ver a preta Rosa
Filha de Rosa Maria
Todo mundo viu a Rosa
Só eu mesmo que não via
Vizinho era meu parente
Viveu bem sem trabalhar
O meu pai trabalhou tanto
Nunca pode enricar
Não tinha um dia da semana
Que deixa-se de rezar
Camará
________________

[CD Tempero Da Massa, Musicalidade da roda livre de capoeira de Duque de Caxias, 2o11]

Mulher (M. Cláudio)

Iê!
A mulher em tudo mundo (2x)
É peça muito importante
Cuida da casa e dos filhos
Sofre quando está gestante
Só esconde o valor dela
Quem for muito ignorante
É do vente da mulher (2x)
Que sai toda geração
Desde o general de arma
Ao governo da nação
Deve honrar a mulher
Pela sua posição
Nem só pra ser doméstica (2x)
A mulher foi preparada
Temos mulher na cultura
Juíza e deputada
Por toda sua virtude
Ela merece ser respeitada
Camará
________________

[CD Angoleiros do Sertão e do Recôncavo, Mestre Cláudio e Mestre Felipe, 2009]

Mundo Enganador (M. Paulo dos Anjos)

Iê!
Não sei o que fazer (2x)
Para viver nesse mundo
Se anda limpo é malandro
Se andar sujo é imundo
Mundo atrapalhado
Além de tudo enganoso
Se comer pouco é mesquinho
Se comer muito é guloso
Se conversa é falastrão
Se não conversa é manhoso
Me criei pelo mundo
No mundo que vivo ensino
Quando apanha é covarde
Quando mata é assassino
Camará
________________

[CD Capoeira Angola da Bahia, Mestre Paulo dos Anjos, 1992]

Mundo Enganador (M. Felipe)

Iê!
Eu não sei como é que eu vivo
Nesse mundo enganador
Eu não sei como é que eu vivo
Nesse mundo enganador
Se sou feio sou desprezado
Se sou bom perco valor
Meu pai sempre me dizia
Meu filho não se engane
Vê no rosto o dente aberto
No coração a traição
Faça como eu faço
Pra que em mim não tenha inveja
Foi por isso que Caim
Matou seu irmão Abel
Quem tem fé em Deus não cai
Se cair ele levanta
Ele é nosso protetor
E é quem nos da a mão
Camará
________________

[CD Angoleiros do Sertão e do Recôncavo, Mestre Cláudio e Mestre Felipe, 2009]

Mundo Enganador (CD M. Canjiquinha & M. Waldemar)

Iê!
Eu não sei como se vive
Nesse mundo enganador
Fala muito é falador
Se fala pouco é manhoso
Come muito é guloso
Se come pouco é sovino
Se bater é desordeiro
Se apanha ele é mofino
Trabalho tem marimbondo
Em fazer casa no capim
Vem um vento e leva ela
Marimbondo leva fim
Caveira quem te matou
Foi a língua meu senhor
Eu sempre te dava conselho
E tu pensava ser ruim
Eu sempre te dizendo
Que a inveja matou Caim
Camará
________________

[CD dos Mestres Canjiquinha e Waldemar, 1986]

Na Ladeira do Pelourinho (M. Bigodinho)

Iê!
Na ladeira do Pelourinho (2x)
Eu também já joguei lá
Eu chegando perguntei
Pelo Mestre do lugar
Pastinha se levantou
Veio comigo conversar
Eu ainda não comecei
Porque os Mestres estão pra chegar
Já chegou seu Zacarias,
Chegou Mestre Traíra
Falta o Mestre Waldemar
Camará

Não Pode Correr pro Vento (M. Bigodinho)

Iê!
Não pode correr pro vento (2x)
Canoa sem espadela
Vou lhe dizer duas quadras
Quero a resposta delas
Galinha tem duas asas
Mas não tem duas moelas
O que bota mulher a perder
É casa de muitas janelas
O rapaz casa com a moça
Quando tem paixão por ela
Camará

Não sei Como se Vive (CD M. Canjiquinha & M. Waldemar)

Iê!
Eu não sei como se vive (2x)
Nesse mundo enganador
Fala muito é falador
Se fala pouco é manhoso
Come muito é guloso
Se come pouco é sovino
Se bater é desordeiro
Se apanha ele é mofino
Trabalho tem marimbondo
Em fazer casa no capim
Vem um vento e leva ela
Marimbondo leva fim
Caveira quem te matou
Foi a língua meu senhor
Eu sempre te dava conselho
E tu pensava ser ruim
Eu sempre te dizendo
Que a inveja matou Caim
Camará
________________

[CD dos Mestres Canjiquinha e Waldemar, 1986]

No dia em que Amanheço (CD M. Bimba & M. Cabecinha)

Iê!
No dia que eu amanheço (2x)
Com vontade de jogar
Dou vinte pulos pra cima
Caio no mesmo lugar
Viro corda de cipó
Viro cobra de coral
Dou dentada venenosa
Doutor não pode curar
Camará

No dia que Amanheço (Domínio Público)

Iê!
No dia que amanheço (2x)
Dentro de Itabaianinha
Homem não monta cavalo
Nem mulher deita galinha
As freiras que estão rezando
Se esquecem da ladainha
Dedo de munheca é dedo
Dedo de munheca é mão
Sangue corre pelas veias
Na palma da minha mão
Camará

No Final (CD GCAP 4)

Iê!
Ê quando eu morrer
Ê quando eu morrer
Não quero fita amarela
Qualquer cor da alegria
Pro lugar pra onde eu vou
Basta quando perguntarem
Responda que Deus levou
Já paguei minha promessa
Por aqui onde eu passei
Fiz crescer a capoeira
Cumpri com minha missão
Fiz chorar e fiz sorrir
Por nada peço perdão
Mas de um berimbau tocando
Isso eu não abro mão
Da roda de capoeira
Na beira do meu caixão
Só amigos me levando
Não quero ninguém chorando
Quero ver todos cantando
E mostrando emoção
E em vez de crucifixo
Estrela de São Salomão
Camará
________________

[CD Ligação Ancestral, GCAP 4, Mestre Moraes, 2006]

Nos pés de Ogum (CD GCAP 6)

Iê!
Tava lá nos pés de Ogum (2x)
Fazendo a minha oração
Quando apareceu um negro
Dizendo eu sou Zumbi
Lutei pela liberdade
Sem querer ganhar troféu
O patrão sonhou comigo
Se levantou assustado
Suava por todo o corpo
Não conseguiu mais dormir
E correndo pela casa
Gritando: Peguem Zumbi
Fechem portas e porteiras
Esse negro não é brinquedo
Me protejam da vingança
Confesso que tô com medo
E o sonho do malvado
Ecoou pela cidade
Sempre cedo ou mais tarde
Se tornava a realidade
Pro gato negro ao caminho
Em busca da liberdade
Camará
________________

[CD Meu Viver, GCAP 6, Mestre Moraes, 2010]

O Brasil Disse que sim (CD M. Canjiquinha & M. Waldemar)

Iê!
O Brasil disse que sim
O Japão disse que não
Que tem uma esquadra poderosa
Pra brigar com alemão
Dei meu nome agora eu vou
Num sorteio militar
Quem não pode com mandinga
Não carrega patuá
Quem não pode não inventa
Deixa quem pode inventar
Camará
________________

[CD dos Mestres Canjiquinha e Waldemar, 1986]

O Brasil Disse que tem (M. Caiçara)

Iê!
O Brasil disse que tem (2x)
O Japão disse que não
Uma esquadra poderosa
Pra lutar com alemão!
Dei meu nome, agora eu vou
Num sorteio militar
Meu Brasil já está na guerra
O meu dever é ir lutar
A marinha é de guerra
E o exercito é de campana
O bombeiro apaga o fogo
E estrangeiro é quem apanha
Camará
________________

[CD Academia de Capoeira de Angola São Jorge dos Irmãos Unidos do Mestre Caiçara, 1973]

O Homem Quase me Bateu (M. Roberval)

Iê!
Vou contar para vocês
O que comigo aconteceu
Fui chamado pra conversa
O homem quase me bateu
Em você eu confiei
Mas você me enganou
Você fez igual ao Judas
Que traiu nosso senhor
Por que tem raiva de mim
Por que fala tanto assim
Olha não te devo nada
E você que deve a mim
Olha lá preste atenção
No que eu vou lhe dizer
O que eu faço brincando
Quero ver você fazer
Você engana todo mundo
Mas a mim não engana não
Mas você é um covarde
Disfarçado em valentão
Camará
________________

[CD Bahia nossa Bahia, Mestre Roberval e Grupo de Capoeira Filhos de Angola, 2008]

O Calado é Vencedor (CD M. Canjiquinha & M. Waldemar)

Iê!
O calado é vencedor (2x)
Para quem juízo tem
Quem espera ser vingado
Não rogai praga em ninguém
A mulher é como a cobra
Tem sangue de Peçanha
Deixa o rico na miséria
Deixa o pobre sem vergonha
Vou dizer a meu amigo
Que hoje a parada é dura
Quem ama a mulher dos outros
Não tem a vida segura
Camará
________________

[CD dos Mestres Canjiquinha e Waldemar, 1986]

Ogum Grande Guerreiro (Mestre Pezão)

Iê!
Valei-me meu pai Ogum (2x)
Lutador grande guerreiro
Vencedor das mil batalhas
Ao senhor devo respeito
Me livrai do grande mal (2x)
Com sua capa protetora
A inveja do olho grande
Da grande boca faladora
Guia meu caminho
Fortaleça minha fé
Ogum grande guerreiro
Ao senhor eu peço agô
Camará

Olha eu amo a Capoeira (M. Valmir)

Iê!
Olha eu amo de paixão (2x)
Através da capoeira
Eu digo sim eu digo não
Eu digo não à falsidade
Eu digo não à arrogância
Não também à opressão
Eu digo sim à amizade
Digo sim à humildade
Pra as coisas de coração
Capoeira em minha vida
Me mudou a direção
Se hoje eu estou aqui
Amanhã posso estar não
Mas aonde quer que eu vá
Carrego no coração
O toque do berimbau
Do agogô e do pandeiro
O sonzinho do reco-reco
Atabaque companheiro
Mesmo sem ter paradeiro
Capoeira eu largo não
O meu pai me disse sim
Mas minha mãe me disse não
Essa arte fez de mim
Uma pessoa livre enfim
A capoeira é infinita
Não há coisa mais bonita
É ginga que vai e vem
Capoeira é meu nome
Capoeira tá no sangue
Capoeira é estar bem
Camará

(Lyrics written by Linda Kaiongo, mother of Aloan e Dija Damasceno)

Olha lá da Minha Casa (Mª Gegê)

Iê!
Olha lá da minha casa
Debaixo de um limoeiro
Na sombra do abacateiro
Nossa senhora me olha
Nossa senhora me olhou
Ela é a do amparo
Ela quem me amparou
Eu pra contar minha história
Não conto de uma vez
Capoeira é quem me ensina
Angola que me educou
Eu não sou Maria Felipa
Nem tenho a sua cor
Mas também chamo Maria
E nessa luta também estou
Camará
________________

[CD Mestres Navegantes, Capoeira Angola 2, Grupo Nzinga & Grupo FICA, 2018]

Olha lá meu Camarada (M. Boca do Rio)

Iê!
Olha lá meu camarada
O negro sempre lutou
Lutou por liberdade
E já lhe ajudou
A você tenho o respeito
Pense no que vai falar
Macumba está no sangue
O negro valorizar
O espírito de um homem
E ele vai guiar
A vida de um negro
Terreiro valorizar
Você que já é Mestre
Não pode criticar
Pois o vento que eu carrego
Ninguém nunca vai tirar
Camará
________________

[CD Grupo de Capoeira Angola Zimba, Mestre Boca do Rio 2007]

Olho Grande (CD GCAP 6)

Iê!
A inveja é traiçoeira (2x)
Já disse o velho ditado
Basta ter mulher bonita
Um cavalo alazão
Uma casa sem goteira
Um cachorro caçador
Uma viola afinada
Um gunga falando grosso
Nas mãos de um bom cantador
Em lugar de apelido
Um nome que represente
Sua ancestralidade
Ligação com seu parente
E um orixá guerreiro
Que é pra proteger a gente
Camará
________________

[CD Meu Viver, GCAP 6, Mestre Moraes, 2010]

O Mundo de Deus é Grande / Retrato da Bahia (M. Paulo dos Anjos)

Iê!
O mundo de Deus é grande (2x)
Deus traz numa mão fechada
O pouco com Deus é muito
E o muito sem Deus é nada
Noite de escuro não serve
Pra caçar de madrugada
Caçador dá muitos tiros
De manhã não acha nada
Veado corre é pulando
Cotia corre na trilha
Se eu fosse governador
Ou manobrasse a Bahia
Marinheiro absoluto
Chegou pintando arrelia
Isso que Marujo faz
Comigo ele não faria
Camará
________________

[CD Capoeira Angola da Bahia, Mestre Paulo dos Anjos, 1992]

Pastinha já Está Classificado (CD M. Pastinha)

Iê!
Menino preste atenção
No que eu vou dizer
O que eu faço brincando
Você não faz nem zangado
Não seja vaidoso e nem despeitado
Na roda da capoeira
Pastinha já está classificado
Camará
________________

[CD Capoeira Angola, Mestre Pastinha e sua Academia, LP 1969]

Pedro Cem (CD M. Canjiquinha & M. Waldemar)

Iê!
Lá no céu vai quem merece (2x)
Na terra vale é quem tem
A soberba combatida
Foi quem matou Pedro Cem
Deus é pai de nós todos
Eu não sou pai de ninguém
Lá se foi minha fortuna
Exclamava Pedro Cem
Ontem eu fui milionário
Já tive e hoje não tenho
O que ontem me valia
Hoje nem valia tem
Ele dizia nas ruas
Uma esmola a Pedro Cem
Que já teve e hoje não tem
A quem eu neguei a esmola
Hoje me negam também
Nasci num berço dourado
Dormi num colchão macio
Hoje morro no relento
Nesse mundo de chão frio
A justiça examinando
Os bolsos de Pedro Cem
Encontrou uma mochila
Dentro dela um vintém
E um letreiro que dizia
Já teve e hoje não tem
Camará
________________

[CD dos Mestres Canjiquinha e Waldemar, 1986]

Perguntaram seu Pastinha (M. Boca do Rio)

Iê!
Certo dia
Perguntaram a seu Pastinha
O que era Capoeira
Ele, Mestre velho e respeitado
Ficou um tempo calado
Revirando em sua alma
Depois
Ele respondeu com calma
Em forma de ladainha
A Capoeira
É um jogo, é um brinquedo
É de respeitar o medo
E dosar bem a coragem
É luta
É manha de mandingueiro
É um vento no veleiro
Um lamento na senzala
Um berimbau tocado
Um corpo arrepiado
Um sorriso de um menino
A Capoeira
É um voo do passarinho
E um bote da cobra coral
Sentir na boca
Todo gosto do perigo
É sorrir para o inimigo
Apertar a sua mão
A Capoeira
É o grito de Zumbi
Ecoando nos quilombos
É se levantar de um tombo
Antes de chegar no chão
É o ódio
É esperança que renasce
O tapa explodiu na face
Foi arder no coração
Enfim
É aceitar o desafio
Com vontade de lutar
A Capoeira
É um barco pequenino
Solto nas ondas do mar
É um peixe pequenino
Solto nas ondas do mar
Camará
________________

[CD Grupo de Capoeira Angola Zimba, Mestre Boca do Rio 2007]
________________

[Ladainha written by Mestre Toni Vargas]

Persistência (CD GCAP 4)

Iê!
O rato se escondeu
Na morada da cutia
O gato ficou na espera
Dia e noite, noite e dia
A paciência de Jó
É o que me orienta
Apressado come cru
Com calma se chega lá
Pra crescer se leva tempo
Pra que se desesperar
Fruta nunca fica boa
Se é colhida antes do tempo
Pra chegar no que eu sou
O processo é muito lento
Devagar se vai ao longe
Na caminhada do vento
Camará
________________

[CD Ligação Ancestral, GCAP 4, Mestre Moraes, 2006]

Perto de mim tem um Vizinho (Domínio Público)

Iê!
Perto de mim tem um vizinho
Perto de mim tem um vizinho
Que enricou sem trabalhar
Meu pai trabalhou tanto
Mas nunca pode enricar
Não deitava uma noite
Se deixasse de rezar
Camará

Pobreza (M. Cláudio)

Iê!
Eu sou pobre de dinheiro
Porém não tenho tristeza
Tem hora que eu me orgulho
De ser filho da pobreza
Porque lá no céu não entra
Jóia, carro, nem beleza
Fazenda, gado e dinheiro
Não me deixa preocupado
Dinheiro também traz problema
Angústia, dor e pecado
Mesmo que no céu só entra
Aquele mais humilhado
Não sou pobre porque tenho
A paz de nosso Senhor
Para mim pobre é aquele
Que é escarnecedor
É pobre de espírito
Não tem carinho e nem amor
Camará
________________

[CD Angoleiros do Sertão e do Recôncavo, Mestre Cláudio e Mestre Felipe, 2009]

Precaução (CD GCAP 3)

Iê!
Todo dia da semana (2x)
Você me vê ocupado
Procurando me esconder
Da vigília do soldado
Da língua do falador
Do facão do enciumado
Da tristeza do doente
Do azar do excomungado
Do olho grosso do invejoso
De quem não venceu na vida
Só porque foi preguiçoso
Camará
__________

[CD Brincando na Roda, GCAP 3, 2001, Mestre Moraes]

Quando Chego no Terreiro (M. Virgílio de Ilhéus)

Iê!
Quando chego no terreiro
Eu rezo a minha obrigação
Olho para Deus primeiro
Angoleiro e africano, toda nação
Quero que me dê licença
Pra vadiar no seu salão
Se o jogo é de Angola
Vamos dar demonstração
Mataram Pedro Mineiro
Dentro da secretaria
Para dar depoimento
Daquilo que não sabia
Seu soldado você me solte
Eu sou chefe de família
No dia que eu não trabalho
Sustento mulher e filha
Tirei da boca da cobra
Botei na boca da gia
Dei uma sopa pro Mestre
Era isso mesmo que eu queria
Camará
________________

[CD Velho Angoleiro Ladainhas e Corridos, Mestre Virgílio de Ilhéus, 2007]

Quando Chego no Terreiro (M. João Grande)

Iê!
Quando chego no terreiro
Trato logo de louvar
Louvo a Deus primeiramente
Louvo meu pai Oxalá
Também louvo o pai Xangô
E a rainha do mar
Peço licença, Deus de Angola
Me dê o salão pra eu vadiar
Camará

Quando eu Aqui Cheguei (M. João Pequeno)

Iê!
Quando eu aqui cheguei (2x)
A todos eu vim louvar
Vim louvar a Deus primeiro
E os moradores desse lugar
Agora eu tô cantando
Cantando, dando louvor
Tô louvando a Jesus Cristo
Porque nos abençoou
To louvando e to rogando
Ao Pai que nos criou
Abençoe essa cidade
Com todos seus moradores
E na roda da capoeira
Abençoe os jogadores
Camará
________________

[CD Capoeira Angola, João Pequeno de Pastinha, 2000]

Quando eu Morrer (CD M. Traira)

Iê!
Quando eu morrer
Não quero grito e nem mistério (2x)
Quero um berimbau tocando
Na porta do cemitério
Com uma fita amarela
Gravada com o nome dela
E ainda depois de morto
Besouro cordão de ouro
Camará
________________

[CD Capoeira da Bahia, Mestres Traira & Cobrinha Verde, LP 1963]

Quando Eu fui Pra Liberdade (CD M. Canjiquinha & M. Waldemar)

Iê!
Quando eu fui pra liberdade (2x)
Eu passei pelo Barbalho
Encontrei Getúlio Vargas
Com o ministro do trabalho
A baleia me pediu
Com toda veneração
Que avoasse na cabeça
Não é nas cadeiras não
É verdade meu colega
Sua palavra valeu
O discípulo deu no mestre
Capoeira me venceu
Camará
________________

[CD dos Mestres Canjiquinha e Waldemar, 1986]

Quatro Coisas Nesse Mundo (CD M. Canjiquinha & M. Waldemar)

Iê!
Quatro coisas nesse mundo
Que aperreiam o cidadão
É uma casa com pingueira
E um cavalo chotão
É uma moça ciumenta
E um menino chorão
Tudo isso se dá jeito
O cavalo eu negoceio
Menino se acalenta
A casa eu retelho
E a mulher me cai na peia
Camará
________________

[CD dos Mestres Canjiquinha e Waldemar, 1986]

Quem Quiser ver Capoeira (M. Totonho de Maré)

Iê!
Quem quiser ver capoeira
Vai ao morro na Gamboa
Conhecer Siri de Mangue
Eu sou Siri de Coroa
Quando eu entro você entra
Quando eu sair você sai
Capenga ontem foi lá em casa
Deu dois mil Réis a mamãe
Café e açúcar à vovó
Deu dois vinténs à dindinha
Como eu era menor
Para mim deu um vintém
Muito bem meu camarada
Sua palavra valeu
Uma pedra deu na outra
Seu coração deu no meu
Camará
________________

[Movie Dança de Guerra, Bimba, Tiburcinho, Totonho de Maré, Noronha, 1968]

Quem sou Eu? (CD GCAP 2)

Iê!
Fiz o sertão virar mar (2x)
Fiz a pedra derreter
Fiz a noite virar dia
Fiz o dia escurecer
Até menino falou
Logo depois de nascer
Laranjeira botou coco
Lampião amedrontei
Com uma gota de saliva
Ate vulcão apaguei
Mulher pariu sete filhos
Mesmo sem engravidar
Nasceu cana na pastagem
Mesmo sem ninguém plantar
Fiz o rio mudar de curso
Adocei água do mar
Tornei a terra quadrada
Já fiz nevar no verão
No inverno não choveu
Depois de tanta bravura
Adivinhem quem sou eu
Camará
________________

[CD O GCAP tem Dendê, GCAP 2, Mestre Moraes, 1999]

Rei Zumbi dos Palmares (CD GCAP 1)

Iê!
A história nos engana (2x)
Diz tudo pelo contrário
Até diz que abolição
Aconteceu no mês do maio
A prova dessa mentira
É que da miséria eu não saio
Viva vinte de novembro
Momento para se lembrar
Não vejo no treze de maio
Nada para comemorar
Muitos tempos se passaram
O negro sempre a lutar
Zumbi é nosso herói (2x)
De Palmares foi senhor
Pela causa do homem negro
Foi ele que mais lutou
Apesar de toda luta
O negro não se libertou
Camará
________________

[CD Capoeira Angola, GCAP 1, Mestre Moraes, 1996]

Riachão (CD M. Traira)

[Cordel: Peleja de Manoel Riachão com o Diabo]

Iê!
Riachão tava cantando
Na cidade do Açu
Quando apareceu um nego
Da espécie de urubu
Com uma camisa de sola
E a calça de couro cru
Beiços grossos revirados
Como a sola de um chinelo
Um olho muito encarnado
E o outro bastante amarelo
Este chamou Riachão
Para ir cantar martelo
Riachão lhe respondeu
Eu não canto com negro desconhecido
Porque pode ser escravo
E andar por aqui fugido
Isso é dar cauda a nambu
E entrada a nego enxerido
Eu sou livre como o vento
A minha linguagem é nobre
Sou um dos mais ilustrados
Que o sol nesse mundo cobre
Nasci dentro da nobreza
Não saí da raça pobre
Você nega porque quer
Está conhecido demais
Se você não for cativo
Obras desmentem sinais
Ou seja livre ou seja escravo
Eu quero cantar martelo
Afine sua viola
Vamos entrar em duelo
Só com a minha presença
O senhor já tá amarelo
Camará
________________

[CD Capoeira da Bahia, Mestres Traira & Cobrinha Verde, LP 1963]

São Benedito (M. Cláudio)

Iê!
Vou fazer o meu pedido
Para o meu São Benedito
Porque ele é um santo negro
Em santo negro eu acredito
Meu santo Benedito
É meu santo protetor
Me proteja nessa roda
Nesse lugar que eu estou
Faca de ponta não me fura
E jamais vai me furar
Olho grosso não me enxerga
E jamais enxergará
Arma de fogo não me queima
São Benedito apagará
Meu santo Benedito
É meu santo protetor
Protegeu o negro escravo
Que era carente de carinho e de amor
Camará
________________

[CD Angoleiros do Sertão e do Recôncavo, Mestre Cláudio e Mestre Felipe, 2009]

Saudade do Grande Mestre (CD FICA Bahia)

Iê
Ai que saudade
Sinto do meu grande mestre (2x)
Se aqui ele estivesse
Isso não acontecia
Todos vocês têm no peito uma paixão (2x)
Mas paixão igual a minha
Essa não existe não
Trago no peito as marcas da escravidão
Dos acoites das senzalas
Das noites de solidão
Era um banzo doença de nostalgia
Negros vindo pela sorte
Ou mortos na travessia
Saudade eu tenho
Lá de casa onde morava
Saudade eu tenho
Do reinado onde reinava
Mesmo sem poder ter casa
Retratei em ladainha
Camará
_______________

[CD Das Voltas Que O Mundo Deu Às Voltas Que O Mundo, FICA Bahia, 2005]

Senhor do Engenho (M. Marrom)

Iê!
O Senhor do Engenho
É de Maragé
Perdeu seu cavalo
E ficou a pé
Capoeira de Angola
Chegou na Bahia
Estrela d’alva apareceu
Já é dia
Iê, deixa amanhecer
Deixa amanhecer
Que é para ver
Como é que é
Meu camarada
Na Bahia
Camará
________________

[CD Marrom Capoeira, Brésil, 2000]

Seu Passado (M. Jogo de Dentro)

Iê!
Quem não resgata o seu passado
Não protege seu futuro
Cada história a respeitar
É um espaço seguro
Para que nossa identidade
Não se perca no futuro
Nossa história está ligada
Ao povo muito sofrido
Que aqui para o Brasil
Foram arrastados e trazidos
Camará
________________

[CD Capoeira Angola – No Toque do Berimbau, Mestre Jogo de Dentro, 2004?]

Sou do Rio de Janeiro (M. Braga)

Iê!
Sou do Rio de Janeiro
Não nego meu natural
Também não posso negar
Que capoeira eu aprendi
Jogar com sabedoria
Pela escola Mestre Pastinha
Sou livre como o vento
Sou humanidade planetária
Giro o mundo, vários outros Mas é sempre bom saber
Das fronteiras que apontam diferenças
Pra quando um mundo,
não mas outro
Todo centro de mandinga
Não é mundo pra ingênuo
Corre mentira, corre verdade
Seu princípio não tem método
É inconcebível ao mais sábio dos Mestres
Camará
________________

[Encontro FICA Montpellier, 2006]

Sou Filho da Cobra Verde (M. João Pequeno)

Iê!
Sou filho da cobra verde
Neto da cobra coral
Quem quiser saber meu nome
Meu veneno é de matar
Valha me Deus, Nossa Senhora
Mãe de Deus o Criador
Nossa Senhora me ajude
Nosso Senhor me ajudou
Camará
________________

[CD Capoeira Angola, João Pequeno de Pastinha, 2000]

Tava na Beira da Praia (CD FICA Bahia)

Iê!
Tava na beira da praia
Tava na beira da praia
Tava lá fitando o mar
Tava ali fazendo a prece
Para mãe Iemanjá
Vento forte maremoto
Dá medo de eu navegar
Se me embolo nessas ondas
Posso até me afogar
Iemanjá me respondeu
Num sopro de arrepiar
Vento forte maremoto
Tu vai ter que acalentar
Rodopiando, revirando
Flutuando além do mar
A lua só ama o sol
Pra poder se iluminar
Eu pedi licença a Ogum
Eu pedi a Oxalá
Eu pedi Iansã guerreira mãe
Para vir me ajudar
Oxóssi me respondeu
Meu filho acompanhar
Oxum reina esse ano
Para o tempo endossar
Exú desceu primeiro
Para os caminhos traçar
Agora já está tudo pronto
Já podemos vadiar
Camará
________________

[CD Das Voltas Que O Mundo Deu Às Voltas Que O Mundo, FICA Bahia, 2005]

________________

Original Lyrics written by Mª Cristina Nascimento in 1995:

Iê!
Tava na beira da praia
Tava na beira da praia
Tava lá fitando o mar
Tava ali fazendo a prece
Para mãe Iemanjá
Vento forte maremoto
Dá medo de eu navegar
Se me embolo nessas ondas
Posso até me afogar
Iemanjá me respondeu
Num sopro de arrepiar
Vento forte maremoto
Tu vai ter que acalentar
Rodopiando, revirando
Flutuando além do mar
A lua só ama o sol
Pra poder se iluminar
Tua espada é guerreira
Pro amor pra capoeira
Em teu ventre abrigou
O destino deste amor
Camaradinha

Tempero da Massa (M. Russo de Caxias)

Iê!
Caxias
Suas ruas e praças
Ganha o tempero da massa
Tempo vai e tempo vem
Em cada rosto que passa
Se estampa a simplicidade
Que eu conheço muito bem
Eu ando
Não corro
Eu vivo de pirraça
Porque para se viver
É preciso ter raça
Vamos juntos descer a ladeira
Que vai dar na praça
Camará
________________

[CD Tempero Da Massa, Musicalidade da roda livre de capoeira de Duque de Caxias, 2o11]

Toda Bahia Chorou (M. Boa Voz)

Iê!
Toda Bahia chorou
No dia que a Capoeira de Angola
Perdeu seu protetor
Mestre Pastinha foi embora
Oxalá quem o levou
Lá pras terras de Aruanda
Mas ninguém se conformou
Chorou general, menino
Chorou mocinha, doutor
Pretas velhas, feiticeiros
Ogans e babalaô
Berimbau tocou Iúna
Num toque triste de morte
E a Capoeira foi jogada
Ao som da triste canção
Da boca do mandingueiro
De dentro do coração
E não houve na Bahia
Quem não cantasse esse refrão
Iê, vai lá menino
Mostra o que o Mestre ensinou
Mostra que arrancaram a planta
Mas a semente brotou
E se for bem cultivada
Dará bom fruto e bela flor
Camará
________________

[CD Homenagem a Mestre Bimba e a Mestre Pastinha, Abadá Capoeira, 2007]

Torpedeira Piauí (Domínio Público)

Iê!
Torpedeira Piauí
Couraçado na Bahia
Marinheiro absoluto
Chegou pintando arrelia
Quando vê cobra assanhada
Não mete o pé na rodia
A cobra assanhada morde
Se eu fosse cobra eu mordia
Mataram Pedro Mineiro
Dentro da Secretaria
Camará

Tradição (CD GCAP 3)

Iê!
Quando se tem pai famoso (2x)
Filho sempre fala nele
Mas se o pai não tem história
Nem se lembra o nome dele
Usar o nome do pai
Pra fugir da confusão
E quem não tem pai nem Mestre,
Também não tem tradição
Aos bobos até convence
Pra quem pensa é armação
Todo o filho tem um pai
Não tem este que não tenha
Mesmo que a mãe trabalhe
De madrugada na feira
Vendendo pra todo mundo
Mesmo sem ser quitandeira
Também coisas deste tipo
Existem na capoeira
Camará
________________

[CD Brincando na Roda, GCAP 3, Mestre Moraes, 2001]

Vida de Moleque (M. Roberval)

Iê!
Menino onde estava
Porque vem chegando agora
Você saiu de manhã
E me volta essa hora
Me diga por onde andou
Você hoje cai na sola
Ô que vida de moleque
Êtá menino danado
Eu te dei dinheiro
E vc diz que foi roubado
Cadê a minha encomenda
Que eu mandei comprar na feira
Você me enganou
Foi jogar capoeira
Camará
________________

[CD Sou Angoleiro de Valor, Mestre Roberval, 2014]

Viva Deus nas Alturas (M. Virgílio de Ilhéus)

Iê!
Ô viva Deus nas alturas
Ô viva o mundo inteiro
No céu vai só quem merece
Na terra vale o dinheiro
Ô viva meu berimbau
Que me livrou do cativeiro
Vou pedir a todos os santos
Para eles nos ajudar
Abençoem aqui esta roda
E a todos que estão
Salve Bimba e Pastinha
Deus lhes bote em bom lugar
Valei-me meu São Bento
Valei-me meu São José
Deus me livre desta cobra
Para não morder meu pé
Camará
________________

[CD Velho Angoleiro Ladainhas e Corridos, Mestre Virgílio de Ilhéus, 2007]

Velha Companheira (M. Cobrinha)

Iê!
A Capoeira
Minha velha companheira
Já rodamos o mundo inteiro
Cantando dessa maneira
O berimbau
Quando eu canto o meu lamento
Canto uma ladainha
Com todo meu sentimento
Chego na roda
Vou no pé do berimbau
Faço minha oração
Vou pedir ao pai Ogum
Para me dar proteção
A Capoeira
Me fez rodar o mundo inteiro
Na roda da Capoeira
Menino sou mandingueiro
Se toca Angola
Eu faço Jogo de Dentro
Se tocar São Bento Grande
Menino eu jogo dentro
Vamos jogar
Esse jogo de Angola
Se jogar pra mim eu pego
Vou jogar pra tu agora
Sou mandingueiro
Menino me dê valor
Jogo aqui a capoeira
Jogo lá em Salvador
A Capoeira
Que meu Mestre me ensinou
Ai menino jogue Angola
Que eu também te dou valor
Jogue pra mim
Por favor jogue pra lá
Se jogar pra mim eu pego
Vou jogar pra tu pegar
Camará
________________

[CD Das Voltas Que O Mundo Deu Às Voltas Que O Mundo, FICA Bahia, 2005]

Velho Angoleiro (M. Virgílio de Ilhéus)

Iê!
Sou um velho Angoleiro
Sou um velho Angoleiro
Mas não sou bom cantador
Na roda da capoeira
Vou lhe mostrar meu valor
Não tenho medo de mandinga
Pois carrego patuá
Sei que tu fala de mim
Porque não teve o que falar
A inveja é mãe da raiva
Agora acabei de crer
Tu se preocupa comigo
E eu não ligo pra você
Eu sei que tô criticado
Na roda da capoeira
O que você faz chorando
Eu faço por brincadeira
Haha
________________

[CD Velho Angoleiro Ladainhas e Corridos, Mestre Virgílio de Ilhéus, 2007]

Vencer (CD GCAP 2)

Iê!
Se vencer uma batalha (2x)
Pra matar o perdedor
Na guerra que vivo em vida
Não me vejo ganhador
Pois sem matar nem ferir
Eu me sinto vencedor
A luz da experiência
Do caminhar nas estradas
O cruzar encruzilhadas
Me ensinou a jogar
Jogar o jogo da vida
Na vida vencer o jogar
O jogar pela vitória
Entristece o jogador
Quando pensa que venceu
Ele é o perdedor
Camará
________________

[CD O GCAP tem Dendê, GCAP 2, Mestre Moraes, 1999]

Vou me Embora pra Bahia (M. Caiçara)

Iê!
Vou me embora pra Bahia (2x)
Vou ver se dinheiro corre
Se dinheiro não correr
De fome, ninguém não morre!
Eu nasci naquela terra
Naquela terra eu me criei
Ô que terra hospitaleira
Nessa terra eu morrerei
Minha mãe tá me chamando
Ô que vida de mulher!
Quem toca pandeiro é homem
Quem bate palma é mulher
Lá no céu tem três estrelas
Todas três em carreirinha
Uma é minha a outra é tua
A outra vai ficar sozinha
Camará
________________

[CD Academia de Capoeira de Angola São Jorge dos Irmãos Unidos do Mestre Caiçara, 1973]

Vou me Embora pra São Paulo (CD M. Pastinha)

Iê!
Vou me embora pra São Paulo
Vou me embora seu Doutor
Mas procede o berimbau
Um amigo de quem sou
Eu não sou querido aqui
Mas em minha terra eu sou
Quem quiser saber meu nome
Quem quiser saber quem sou
Sou discípulo de Pastinha
Menino de Salvador
Delegado me intimou
Dentro da secretaria
Pra prestar depoimento
Daquilo que eu não sabia
Camará
________________

[CD Capoeira Angola, Mestre Pastinha e sua Academia, LP 1969]

Vou Pescar de Rede (M. Roberval)

Iê!
A maré vazou
A maré vazou
Vou jogar rede no mar
Maré está cheia de peixe
Muitos peixes eu vou pescar
Não pesco de anzol
Pra não pegar de um a um
Eu vou pescar de rede
Porque pesco mais de um
Você vive falando
Que eu não sei pescar
Meu barco já está pronto
Eu hoje vou pra o alto mar
E quando eu voltar
Pra você eu vou dizer
Minha rede tá cheia de peixe
E você não vai comer
Camará
________________

[CD Com Deus Sou Vencedor, Mestre Roverval, 2009]

Vou Rezar lá na Senzala (M. Marrom)

Iê!
Vou rezar lá na senzala
Eu vou rezar lá na senzala
Vou pedir a meu senhor
Para não ser mais escravo
E conquistar um novo amor
Essa fama de valente
Trago na palma da mão
Sou negro, sou escravo
Mas eu tenho coração
Eu vim foi lá de longe
Trazido não sei por quem
Vendido a outro homem
Somente por dois vinténs
Minha pele não tem brilho
Só tem marca de chicote
Vou jogando a capoeira
Qualquer dia dou o bote
Camará
________________

[CD Marrom Capoeira, Brésil, 2000]

BASIC CHULAS (LOUVAÇÕES)

Iê, viva meu Deus!
(Iê, viva meu Deus, camará)
Iê, viva meu Mestre!
(Iê, viva meu Mestre, camará)
Iê, que me ensinou!
(Iê, que me ensinou, camará)

Iê, a Capoeira!
(Iê, a Capoeira, camará)
Iê, tem fundamento!
(Iê, tem fundamento, camará)
Iê, é de Angola!
(Iê, é de Angola, camará)

Iê, viva Bahia!
(Iê, viva Bahia, camará)
Rio de Janeiro!
(Iê, Rio de Janeiro, camará)
Iê, viva São Paulo!
(Iê, viva São Paulo, camará)

Iê, menino é bom!
(Iê, menino é bom, camará)
Iê, sabe jogar!
(Iê, sabe jogar, camará)
Iê, é mandingueiro!
(Iê, é mandingueiro, camará)

Iê, estamos na escola!
(Iê, estamos na escola, camará)
Para aprender!
(Iê, para aprender, camará)
Livro de ABC!
(Iê, livro de ABC, camará)

Água de beber!
(Iê, água de beber, camará)
Água pra lavar!
(Iê, água pra lavar, camará)
Água pra benzer!
(Iê, água pra benzer, camará)

Ferro de bater!
(Iê, ferro de bater, camará)
Ferro pra furar!
(Iê, ferro pra furar, camará)
Faca de ponta!
(Iê, faca de ponta, camará)

Iê, quer me vencer!
(Iê, quer me vencer, camará)
Campo de batalha!
(Iê, campo de batalha, camará)
Campo de mandinga!
(Iê, campo de manding, camará)

Iê, volta do mundo!
(Iê, volta do mundo, camará)
Iê, que o mundo deu!
(Iê, que o mundo deu, camará)
Iê, que o mundo dá!
(Iê, carta de ABC, camará)

Iê, vamos jogar!
(Iê, vamos jogar, camará)
Iê, daqui pra lá!
(Iê, daqui pra lá, camará)
Iê, de lá pra cá!
(Iê, de lá pra cá, camará)

Iê, galo cantou!
(Iê, galo cantou, camará)
Iê, cocorocô!
(Iê, cocorocô, camará)
Iê, amanheceu!
(Iê, amanheceu, camará)

Iê, chegou a hora!
(Iê, chegou a hora, camará)
Iê, vamos embora!
(Iê, vamos embora, camará)
Pela barra fora!
(Iê, pela barra fora, camará)

Corridos

Abalou capoeira abalou
Mas se abalou, deixa abalar
(Abalou capoeira, abalou)
Abalou deixa abalar
(Abalou capoeira, abalou)
E abalou vamos jogar
(Abalou capoeira, abalou)
Quero ver quem vai jogar
(Abalou capoeira, abalou)

A cancela bateu, está na hora
Está na hora, está na hora
(A cancela bateu, está na hora)
Vou me embora, vou me embora
(A cancela bateu, está na hora)
Como já disse que eu vou
(A cancela bateu, está na hora)
Vou me embora pra Bahia
(A cancela bateu, está na hora)

A canoa virou marinheiro
Ê, no fundo do mar tem dinheiro
(A canoa virou marinheiro)
No fundo do mar tem segredo
(A canoa virou marinheiro)
Oi, a canoa virou marinheiro
(A canoa virou marinheiro)
Oi, no fundo do mar tem dinheiro
(A canoa virou marinheiro)

A cobra mordeu Caiçara, morreu
A cobra mordeu seu Pastinha
(Morreu)
A cobra mordeu João Grande
(Morreu)
A cobra mordeu Caiçara
(Morreu)
A cobra mordeu João Pequeno
(Morreu)

Adão, Adão, ô cadê Salomé? Adão
Mas cadê Salomé? Adão
Salomé foi passear
(Adão, Adão ô cadê Salomé? Adão)
Mas cadê Salomé? Adão
Foi pra ilha de Maré
(Adão, Adão ô cadê Salomé? Adão)

Aderecô Aninha
Vou pra ilha de maré
(Aderecô Aninha)
A baleia me pediu
(Aderecô Aninha)
Pra fazê uma devoção
(Aderecô Aninha)
Não sei quando eu volto cá
(Aderecô Aninha)

Adeus, adeus
(Boa viagem)
Eu vou me embora
(Boa viagem)
Eu vou com Deus
(Boa viagem)
Nossa Senhora
(Boa viagem)

Adeus Corina dã dã
Vou me embora, vou me embora
(Adeus Corina dã dã)
Como já disse que eu vou
(Adeus Corina dã dã)
Vou me embora para Bahia
(Adeus Corina dã dã)
Dã dã dã dã dã dã dã
(Adeus Corina dã dã)

Adeus povo bom, adeus
Adeus que eu já vou me embora
Pelas ondas do mar eu vim
Pelas ondas do mar, eu vou me embora
(Adeus povo bom, adeus
Adeus que eu já vou me embora
Pelas ondas do mar eu vim
Pelas ondas do mar, eu vou me embora)

Adeus Santo Amaro, eu vou ver lampião já vou
Eu vou ver lampião já vou
Santo Amaro
Eu vou ver lampião já vou
(Adeus Santo Amaro, eu vou ver lampião já vou)

Adeus Santo Amaro, vou ver, vou pra lá
Vou ver, vou pra lá, vou ver, eu vou pra lá
(Adeus Santo Amaro, eu vou ver, vou pra lá)
Vou ver, vou pra lá, vou ver Angoleiro vadiar
(Adeus Santo Amaro, vou ver, vou pra lá)

Adeus Santo Amaro, vou ver Lampião na moita
Vou ver lampião na moita, eu vou ver Lampião na moita
(Adeus Santo Amaro, vou ver Lampião na moita)
Meu compadre amarre o bode, que eu também amarro o meu
(Adeus Santo Amaro, vou ver Lampião na moita)

Ai ai ai ai, Aquinderreis, ô laí lailá
(Ai ai ai ai, Aquinderreis, ô laí lailá)
Ai ai ai ai, Aquinderreis, ô laí lailá
(Ai ai ai ai, Aquinderreis, ô laí lailá)
Aquinderreis
(Ai ai ai)
O lê lê
(Ai ai ai)
Aquinderreis
(Ai ai ai)

Ai ai ai ai
São Bento me chama
(Ai ai ai ai)
São Bento chamou
(Ai ai ai ai)
Pra jogar capoeira
(Ai ai ai ai)
Agora eu vou
(Ai ai ai ai)
São Bento me quer
(Ai ai ai ai)

Ai ai ai ai, quando eu cheguei de Aruanda
Trouxe muitos remédios, dentro da minha capanga
(Ai ai ai ai, quando eu cheguei de Aruanda)
Trouxe o meu berimbau, dentro da minha capanga
(Ai ai ai ai, quando eu cheguei de Aruanda)
Trouxe a capoeira, dentro da minha capanga
(Ai ai ai ai, quando eu cheguei de Aruanda)
Trouxe memória da África, dentro da minha capanga
(Ai ai ai ai, quando eu cheguei de Aruanda)
Trouxe a minha alegria e a minha esperança
(Ai ai ai ai, quando eu cheguei de Aruanda)

Ai ai, Aidê!
Joga bonito que eu quero ver
(Ai ai, Aidê!)
Joga bonito, que eu quero aprender
(Ai ai, Aidê!)
Joga bonito, que o povo quer ver
(Ai ai, Aidê!)
Aidê, aidê, aidê, aidê
(Ai ai, Aidê!)

Ai Deus, ai mundo
Quem não sabe nadar, vai ao fundo
(Ai Deus, ai mundo)
Oi, quem não sabe nadar, vai ao fundo
(Ai Deus, ai mundo)
Ai Deus, ai mundo, ai Deus, ai mundo
(Ai Deus, ai mundo)
Quem não sabe não sabe, vai ao fundo
(Ai Deus, ai mundo)

Alapini agô, Alapini agô, Alapini modupé
(Alapini agô)
Venho lhe pedir licença
(Alapini agô)
Pra começar o meu xirê
(Alapini agô)
Ligação com Olorum
(Alapini agô)
Tradição do ancestral
(Alapini agô)

Angola ê ê ê, Angola a a a
O berimbau tá me chamando, eu vou jogar
(Angola ê ê ê, Angola a a a
O berimbau tá me chamando, eu vou jogar)
Angola ê ê ê, Angola a a a
O berimbau já me chamou, vou vadiar
(Angola ê ê ê, Angola a a a
O berimbau tá me chamando, eu vou jogar)

Angola ê ê, Angola ê, Angola
No balanço de Angola ê ê
Vou voltar pra Angola, Angola
(Angola ê ê, Angola ê, Angola)
Vou me embora pra Angola ê ê
Vou ficar lá em Angola, Angola
(Angola ê ê, Angola ê, Angola)
Meu pai vem de Angola ê ê
Minha mãe vem de Angola, Angola

Angolinha, Angola
Angolinha Angola
(Angolinha, Angola)
Angolinha vou cantar
(Angolinha, Angola)
Angola que vou jogar
(Angolinha, Angola)
Angolinha é pra cantar
(Angolinha, Angola)

A onça morreu, o mato é meu
Mato é meu, é meu, é meu
(A onça morreu, o mato é meu)
A onça morreu, o mato é meu
(A onça morreu, o mato é meu)
A onça morreu, agora é meu
(A onça morreu, o mato é meu)
Mato é meu, o dono sou eu
(A onça morreu, o mato é meu)

A onça te pega Maria, a onça te pega Maria
Veado no mato, cachorro latia, a onça pegava e comia
(A onça te pega Maria, a o onça te pega Maria
Veado no mato, cachorro latia, a onça pegava e comia)
Eu bem que lhe dei conselho, e vc fez que não ouvia
Foi na banda do riacho, a onça te pega Maria
(A onça te pega Maria, a o onça te pega Maria
Veado no mato, cachorro latia, a onça pegava e comia)

A onda quebrou na praia, molhou toda areia
Foi là no fundo do mar, que eu ouvi o canto da sereia
(A onda quebrou na praia, e molhou toda areia
Foi là no fundo do mar, que eu ouvi o canto da sereia)
A sereia quando canta, é bonito seu cantar
Foi no toque da viola, que eu aprendi a jogar
(A onda quebrou na praia, e molhou toda areia
Foi là no fundo do mar, que eu ouvi o canto da sereia)

Apanha a laranja no chão tico-tico
Se meu amor for se embora, eu não fico
(Apanha a laranja no chão tico-tico)
Não é com a mão que se apanha, é com o bico
(Apanha a laranja no chão tico-tico)
Minha toalha é de renda de bico
(Apanha a laranja no chão tico-tico)

Até você!
(Minha comadre)
Falou de mim
(Minha comadre)
Falou, falou
(Minha comadre)
Falou que eu vi
(Minha comadre)

Ave Maria meu Deus, nunca vi casa nova cair
Nunca vi casa nova cair, nunca vi casa nova cair
(Ave Maria meu Deus, nunca vi casa nova cair)
Eu já vi casa velha cair, nunca vi casa nova cair
(Ave Maria meu Deus, nunca vi casa nova cair)
Nunca vi Angoleiro cair, nunca vi Angoleiro cair
(Ave Maria meu Deus, nunca vi casa nova cair)

Avisa meu mano, avisa meu mano, avisa meu mano
Capoeira de Angola mandou me chamar
(Avisa meu mano, avisa meu mano, avisa meu mano
Capoeira de Angola mandou me chamar)
Eu lhe deixei um recado, e você não apareceu
Por favor diga a meu mano, o que foi que aconteceu
(Avisa meu mano, avisa meu mano, avisa meu mano
Capoeira de Angola mandou me chamar)
Avisa meu mano, avisa meu mano, avisa meu mano
Capoeira de Angola mandou me chamar
(Avisa meu mano, avisa meu mano, avisa meu mano
Capoeira de Angola mandou me chamar)

Bahia de Mãe Menininha, Menininha do Gantois
(Bahia de todos os santos, Bahia dos orixás
Bahia de Mãe Menininha, Menininha do Gantois)
Eu nasci foi nessa terra, nessa terra eu viverei
Terra boa hospitaleira, dentro dela morrerei
(Bahia de todos os santos, Bahia dos orixás
Bahia de Mãe Menininha, Menininha do Gantois)
Quem não conhece a Bahia, oi não dá o seu valor
(Bahia de todos os santos, Bahia dos orixás
Bahia de Mãe Menininha, Menininha do Gantois)
Bahia de Caiçara, de Traíra e seu Maré
Bahia de Canjiquinha, seu Pastinha e seu Gajé
(Bahia de todos os santos, Bahia dos orixás
Bahia de Mãe Menininha, Menininha do Gantois)

Bahia é terra de dois
É terra de dois irmãos
Governador da Bahia
É São Cosme e São Damião
(Bahia é terra de dois
É terra de dois irmãos
Governador da Bahia
É São Cosme e São Damião)
Bahia velha Bahia
Capital é Salvadir
Governador da Bahia
É São Cosme e São Damião

Bahia que tem dendê, Bahia que tem dendê
Bahia minha Bahia, como eu amo você
(Bahia que tem dendê, Bahia que tem dendê)
Eu nasci foi na Bahia, nessa terra vou morrer
(Bahia que tem dendê, Bahia que tem dendê)
Bahia de seu Pastinha, Caiçara e Aberrê
(Bahia que tem dendê, Bahia que tem dendê)
Bahia velha Bahia, essa terra tem dendê
(Bahia que tem dendê, Bahia que tem dendê)
Olha lá tem um Kilombo, o Kilombo Tenondé
(Bahia que tem dendê, Bahia que tem dendê)

Balanço do mar, em navio negreiro
Samba e a capoeira, no Brasil foi de Angola
(Balanço do mar, em navio negreiro)
E da África chegou, acultura para o Brasil
(Balanço do mar, em navio negreiro)
Antigo Reino do Congo, foi cultura do Brasil
(Balanço do mar, em navio negreiro)
E chegou foi na Bahia, se espalhou no mundo inteiro
(Balanço do mar, em navio negreiro)
O GCAP começou, mas foi no Rio de Janeiro
(Balanço do mar, em navio negreiro)

Baraúna caiu, quanto mais eu
Quanto mais eu, quanto mais eu
(Baraúna caiu, quanto mais eu)
Ê valha-me Deus e a Nossa Senhora
(Baraúna caiu, quanto mais eu)
Ê mãe de Deus da Conceição
(Baraúna caiu, quanto mais eu)
Quanto mais gente, quanto mais eu
(Baraúna caiu, quanto mais eu)
Quanto mais eu, quanto mais gente
(Baraúna caiu, quanto mais eu)

Beira mar io iô, beira mar ia iá
(Beira mar io iô, beira mar ia iá)
Beira mar, beira mar
(É de io iô)
Beira mar, beira mar
(É de ia iá)
Beira mar, beira mar
(É de io iô)
Beira mar, beira mar
(É de ia iá)

Bem miudinho, cuidado, esse jogo de Angola é mandingado
Esse jogo de Angola é mandingado
Esse jogo de Angola é mandingado
(Bem miudinho, cuidado, esse jogo de Angola é mandingado)
Esse jogo de Angola é mandingado
Pastinha já tinha avisado
(Bem miudinho, cuidado, esse jogo de Angola é mandingado)
Esse jogo de Angola bem jogado
Esse jogo de Angola é mandingado
(Bem miudinho, cuidado, esse jogo de Angola é mandingado)

Bem-te-vi botou, gameleira no chão
Bem-te-vi botou
(Gameleira no chão)
Botou, botou
(Gameleira no chão)
Botou que eu vi
(Gameleira no chão)
Jogou, jogou
(Gameleira no chão)

Beriba é pau, pra fazer berimbau
Oi, beriba é pau
(Pra fazer berimbau)
É pau, é pau
(Pra fazer berimbau)
Beriba é pau
(Pra fazer berimbau)

Berimbau bateu, Angoleiro me chamou
Vou embora já é noite, eu não posso demorar
(Berimbau bateu, Angoleiro me chamou
Vou embora já é noite, eu não posso demorar)
Não posso demorar, não posso demorar
O dia já vai raiando, vou pra roda vadiar
(Berimbau bateu, Angoleiro me chamou
Vou embora já é noite, eu não posso demorar)

Berimbau tocou, vai ter jogo de Angola io iô
Vai ter jogo de Angola io iô, vai ter jogo de Angola ia iá
(Berimbau tocou, vai ter jogo de Angola io iô)
Vai ter jogo de dentro io iô, vai ter jogo de fora ia iá
(Berimbau tocou, vai ter jogo de Angola io iô)
Vai ter jogo de Angola io iô,, vai ter jogo bonito ia iá
(Berimbau tocou, vai ter jogo de Angola io iô)

Biri biri, azedou, olha biri biri
(Azedou)
Caiu lá do pé
(Azedou)
Botou na panela
(Azedou)
Moleque comeu
(Azedou)
E não gostou
(Azedou)

Bom Jesus da Lapa ê, Bom Jesus da Lapa á
Bom Jesus da Lapa ê, da Lapa ê, da Lapa á
(Bom Jesus da Lapa ê, Bom Jesus da Lapa á)
Ô Bom Jesus da Lapa ê, Bom Jesus de Maria
(Bom Jesus da Lapa ê, Bom Jesus da Lapa á)
Bom Jesus dos navegantes, só navega pelo mar
(Bom Jesus da Lapa ê, Bom Jesus da Lapa á)
Quando eu for para Bahia, eu vou, vou pelo mar
(Bom Jesus da Lapa ê, Bom Jesus da Lapa á)
Bom Jesus da capoeira, proteção venha nos dar
(Bom Jesus da Lapa ê, Bom Jesus da Lapa á)

Bom vaqueiro, bom vaqueiro
Bom vaqueiro amarra o gado
(Bom vaqueiro, bom vaqueiro)
Bom vaqueiro é laçador
(Bom vaqueiro, bom vaqueiro)
Ô bom vaqueiro, bom vaqueiro
(Bom vaqueiro, bom vaqueiro)
Bom vaqueiro amarro o boi
(Bom vaqueiro, bom vaqueiro)
Não deixa o boi fugir
(Bom vaqueiro, bom vaqueiro)

Bota fogo na cana, canavial
Quero ver lavorar
(Canavial)
Bota fogo na cana
(Canavial)

Bota fogo no canavial, no canavial, no canavial
(Bota fogo no canavial)
Vamos lá botar fogo no canavial
(Bota fogo no canavial)
Quero ver o patrão de raiva se queimar
(Bota fogo no canavial)

Cala a boca menino, que tu apanha
Que tu apanha, que tu apanha
(Cala a boca menino que tu apanha)
Oi, que tu apanha, que tu apanha
(Cala a boca menino que tu apanha)

Camungerê, como vai, como tá?
(Camungerê)
Como vai vosmecê?
(Camungerê)
Vai bem de saúde?
(Camungerê)
Para mim é prazer
(Camungerê)

Canarinho da Alemanha, que matou meu curió
O segredo da lua, quem sabe é o clarão do sol
(Canarinho da Alemanha, que matou meu curió)
Eu jogo Capoeira, mas Pastinha foi melhor
(Canarinho da Alemanha, que matou meu curió)
Eu jogo Capoeira da Bahia a Maceió
(Canarinho da Alemanha, que matou meu curió)

Catarina minha nega, onde tá, que não lhe vejo
Na cozinha do canto, cozinhando caranguejo
Água no fogo sinhá
(Catarina)
Água no fogo io iô
(Catarina)
Caranguejo sinhá
(Catarina)

Certo dia numa roda
Um moleque me chamou pra jogar
Eu que sou desconfiado
Fiquei ali de lado a reparar
O que estava escrito na camisa
(Era um tal de Besouro Mangangá)
Ê ê ê á
(Era um tal de Besouro Mangangá)
O que tava escrito na camisa?
(Era um tal de Besouro Mangangá)
Outro dia numa roda
Me chamaram pra jogar
Eu que sóu muito desconfiado
Pude logo reparar
O que estava escrito na camisa
(Era um tal de Besouro Mangangá)
Ê ê ê á
(Era um tal de Besouro Mangangá)

Chama eu, chama eu
Chama eu Angola, chama eu
(Chama eu, chama eu
Chama eu Angola, chama eu)
Bahia, minha Bahia
Capital é Salvador
Quem não conhece a capoeira
Não pode dar o seu valor
(Chama eu, chama eu
Chama eu Angola, chama eu)
Bahia de seu Caiçara
De Traíra e seu Maré
Bahia de Canjequinha
De Pastinha e seu Gajé
(Chama eu, chama eu
Chama eu Angola, chama eu)

Chama o povo para ver
Chamo o povo pra aí
(Chama o povo para ver)
Isso é roda de rua
(Chama o povo para ver)
Na praça de Caxias
(Chama o povo para ver)
Berimbaus tocando
(Chama o povo para ver)
Atabaque marcando
(Chama o povo para ver)
Os pandeiros repicando
(Chama o povo para ver)
Agogô e reco-reco
(Chama o povo para ver)
Mestre Russo jogando
(Chama o povo para ver)
Angolinha cantando
(Chama o povo para ver)

Chora menino
(Nhem, nhem, nhem)
O menino chorou
(Nhem, nhem, nhem)
Cala boca menino
(Nhem, nhem, nhem)
Porque não mamou
(Nhem, nhem, nhem)
Chorou, chorou
(Nhem, nhem, nhem)

Chora viola, chora, chora viola
(Chora)
Oi, chora viola
(Chora)
Viola que chora
(Chora)
Viola danada
(Chora)
A viola chorou
(Chora)

Como é bonita a pisada do caboclo
Como é bonita a pisada do caboclo
Ele pisa na terra de um lado pro outro
Ele pisa bonito, ele pisa caboclo
(Como é bonita a pisada do caboclo
Como é bonita a pisada do caboclo)
Pisa na terra de um lado pro outro
Pisa bonito e pisa de novo
(Como é bonita a pisada do caboclo
Como é bonita a pisada do caboclo)

Corta a asa do pavão, não deixa o pavão voar
(Corta a asa do pavão)
Não deixa o pavão voar
(Corta a asa do pavão)
Oi, corta a asa do pavão
(Corta a asa do pavão)

Deus que me deu, Deus que me dá
Capoeira Angola pra eu vadiar
(Deus que me deu, Deus que me dá)
Força e saúde pra eu vadiar
(Deus que me deu, Deus que me dá)
Se ele me deu, também vai te dar
(Deus que me deu, Deus que me dá)

Devagar, devagar
Devagar, devagarinho
(Devagar, devagar)
Capoeira de Angola é devegar
(Devagar, devagar)
Esse jogo bonito é devagar
(Devagar, devagar)

Disseram a minha mulher, Paraná
Capoeira me venceu, Paraná
(Paraná ê, Paraná ê, Paraná!)
É mentira de quem disse, Paraná
Isso não aconteceu, Paraná
(Paraná ê, Paraná ê, Paraná!)
Iê! Paraná êh, Paraná
Paraná Paranaguá, Paraná!
(Paraná ê, Paraná ê, Paraná!)

Dois, dois, dois, dois, dois, um
Capoeira de Angola, capoeira zum zum zum
(Dois, dois, dois, dois, dois, um
Capoeira de Angola, capoeira zum zum zum)
Sete e sete são quartoze, três vezes sete, vinte e um
Quem souber bem soletra As paixões de cada um
Dois dois
(Dois, dois, dois, dois, dois, um
Capoeira de Angola, capoeira zum zum zum)

Dona Maria do Camboatá
Ela chega na venda, ela manda botar
(Dona Maria do Camboatá)
Ela chega na roda e dá salto mortal
(Dona Maria do Camboatá)
Ela é Dona Maria ela sabe jogar
(Dona Maria do Camboatá)
No jogo de Angola, bota pra quebrar
(Dona Maria do Camboatá)

Ê boi, ê boi
Olha toca meu boi, para Maracangalha
(Ê boi, ê boi)
Mas no jogo miúdo, tamanho atrapalha
(Ê boi, ê boi)
Mas lá na Roda de Caxias
(Ê boi, ê boi)
Ai meu deus, até canivete falha
(Ê boi, ê boi)

É de manhã, Idalina tá me chamando
Idalina tem o costume, de chamar e sair andando
(É de manhã, Idalina tá me chamando)
Idalina meu amor, Idalina tá me chamando
(É de manhã, Idalina tá me chamando)
Idalina tem costume, chama a gente e sai andando
(É de manhã, Idalina tá me chamando)
Idalina tá me chamando, Idalina tá me chamando
(É de manhã, Idalina tá me chamando)

Ê Dona Alice não me pegue não
Não me pegue, não me agarre, não me pegue não
(Ê Dona Alice não me pegue não)
Não me pegue, não me pegue, não me pégue não
(Ê Dona Alice não me pegue não)
Não me pegue, não me peque, não bota a mão
(Ê Dona Alice não me pegue não)
Jogo de Angola sem agarração
(Ê Dona Alice não me pegue não)

Ê ê ê ê
Eu venci a batalha de camungerê
(Ê ê ê ê)
Venci na batalha de camungerê
(Ê ê ê ê)
Joga bonito que eu quero ver
(Ê ê ê ê)
Como vai, como está, como vai vocmecê
(Ê ê ê ê)

Ê ê ê ê
Olha o homem que eu matei
(Ê ê ê ê)
Pra cadeia eu não vou
(Ê ê ê ê)
Era um fino desordeiro
(Ê ê ê ê)
E um fino matador
(Ê ê ê ê)

Ê, ê, ê, tum, tum, tum
Olha a pisada de Lampião
(Ê, ê, ê, tum, tum, tum)
Lampião desceu a serra
(Ê, ê, ê, tum, tum, tum)
Pra buscar Maria Bonita
(Ê, ê, ê, tum, tum, tum)
Maria mulher guerreira
(Ê, ê, ê, tum, tum, tum)

Ê goma, ê goma, ê goma de engomar
(Ê goma, ê goma, ê goma de engomar)
Na ladeira de cima tem moça bonita
Ladeira debaixo não posso passar
(Ê Goma, ê goma, ê goma de engomar)
Eu não posso passar na rua de baixo
Que as meninas me chamam, ê goma
(Ê Goma, ê goma, ê goma de engomar)

Ê ô ê ô Inganga, vamos louvar sarabanda, ô Inganga
Vamos louvar sarabanda, ô Inganga
Vamos louvar sarabanda, ô Inganga
(Ê ô ê ô Inganga, vamos louvar sarabanda, ô Inganga)
Vamos louvar sarabanda, ô Inganga
Na roda de angola é o gunga que manda
(Ê ô ê ô Inganga, vamos louvar sarabanda, ô Inganga)
Vamos louvar sarabanda, ô Inganga
Vamos louvar o nkisi, ô Inganga
(Ê ô ê ô Inganga, vamos louvar sarabanda, ô Inganga)

Ê Paraná, Paraná Paranauê Paraná
(Ê Paraná)
Minha mãe eu vou me embora, Paraná
(Ê Paraná)
Tão cedo não vou voltar, Paraná
(Ê Paraná)
Minha terra é muito longe, Paraná
(Ê Paraná)
Tenho hora pra chegar, Paraná
(Ê Paraná)

É preto, é preto, é preto, ô Kalunga
O berimbau é preto, ô Kalunga
(É preto, é preto, é preto, ô Kalunga)
Eu também sou preto, ô Kalunga
(É preto, é preto, é preto, ô Kalunga)
A Bahia é preta, ô Kalunga
(É preto, é preto, é preto, ô Kalunga)
O Brasil é preto, ô Kalunga
(É preto, é preto, é preto, ô Kalunga)
Capoeira é preta, ô Kalunga
(É preto, é preto, é preto, ô Kalunga)

Ê marinheiro, me leva pro lado de lá
Eu vi um pandeiro zoando, um berimbau tocando
Eu vou atravessar, marinheiro
(Ê marinheiro, me leva pro lado de lá)
Ê, sabendo que sou da serra, não é bom facilitar
(Ê marinheiro, me leva pro lado de lá)
O que foi que a nega disse, quando avistou a sinhá
(Ê marinheiro, me leva pro lado de lá)
Ê, me leva pro lado de lá, me leva pro lado de lá
(Ê marinheiro, me leva pro lado de lá)

Ele é manhoso, ele é mandingueiro
Na roda de angola esse moço é ligeiro
(Ele é manhoso, ele é mandingueiro)
Oi, ele é manhoso, ele é mandingueiro
(Ele é manhoso, ele é mandingueiro)
Filho de Angola, ele é Angoleiro
(Ele é manhoso, ele é mandingueiro)
Oi como já disse, ele é mandingueiro
(Ele é manhoso, ele é mandingueiro)
É muito manhoso, e também mandingueiro
(Ele é manhoso, ele é mandingueiro)

Ele usava uma calça rasgada
Hoje usa um terno de linho
Chapeu de Panamá importado
Sapato de couro, bico cor de vinho
(Ele usava uma calça rasgada
Hoje usa um terno de linho
Chapeu de Panamá importado
Sapato de couro, bico cor de vinho)
Olha lá o nego
(Olha o nego sinhá!)
Com sapato de couro
(Olha o nego sinhá!)

Era Besouro, era Besouro
Alecrim cordão de ouro
(Era Besouro, era Besouro)
Era forte como um touro
(Era Besouro, era Besouro)
Besouro cordão de ouro
(Era Besouro, era Besouro)
Besouro de Santo Amaro
(Era Besouro, era Besouro)
Era Besouro, era Besouro
(Era Besouro, era Besouro)

Era eu, era meu mano, era meu mano, mais eu
(Era eu, era meu mano)
Era meu mano, era eu
(Era eu, era meu mano)
Nem ele ganhou, nem eu
Quando nós andava junto
(Era eu, era meu mano)
(Era eu, era meu mano)
Eu vi a terra molhada
(Era eu, era meu mano)
Mas não vi quando choveu
(Era eu, era meu mano)

Essa cobra é venenosa, tá querendo me morder
Essa cobra é venenosa, tá querendo me morder
Vou chamar por São Bento, para ele me valer
Ô São Bento me ajude, me livre do mal
Cobra venenosa, o veneno é mortal
(Ô São Bento me ajude, me livre do mal)
Me livre do mal, me livre do mal
(Ô São Bento me ajude, me livre do mal)
Cobra venenosa, o veneno é fatal
(Ô São Bento me ajude, me livre do mal)

Essa cobra lhe morde
(Senhor São Bento)
Ela é cobra danada
(Senhor São Bento)
Mas que cobra valente
(Senhor São Bento)
Ela é venenosa
(Senhor São Bento)
Olha o buraco da cobra
(Senhor São Bento)

Esse gunga é meu, esse gunga é meu
Gunga é meu, eu não dou a ninguém
(Esse gunga é meu, esse gunga é meu)
Esse Gunga é meu, eu não posso vender
(Esse gunga é meu, esse gunga é meu)
Esse Gunga é meu, meu Mestre me deu
(Esse gunga é meu, esse gunga é meu)
Esse Gunga é meu, não vendo, nem dou
(Esse gunga é meu, esse gunga é meu)

Esse jogo é manhoso é Angola
Toca menino essa viola
(Esse jogo é manhoso é Angola)
Por favor toca a viola
(Esse jogo é manhoso é Angola)
Se quer ouvir o meu cantar
(Esse jogo é manhoso é Angola)
O cantador quando é bom
(Esse jogo é manhoso é Angola)
O berimbau tem que falar
(Esse jogo é manhoso é Angola)

Esse jogo tem mandinga
Tem azeite de dendê
Esse jogo tem mandinga
Tem azeite de dendê
Esse jogo é de Angola
Joga aí que eu quero ver
Olha jogo de dentro, no toque de Angola
Valha-me Deus, minha nossa senhora
(Jogo de dentro, no toque de Angola)
Capoeira bonita, é Capoeira de Angola
(Jogo de dentro, no toque de Angola)

Eu conheci seu Pastinha
Também Canjiquinha e também seu Maré
(É é)
Ele me disse um dia
(É é)
Capoeira é pra homem, menino e mulher
(É é)
Pra menino e mulher
(É é)
Pra menino e mulher
(É é)

Eu disse que eu ia mas não vou
Capoeira me chamou
(Eu disse que eu ia mas não vou)
Colega velho eu não vou
(Eu disse que eu ia mas não vou)
Olha o gunga me chamou
(Eu disse que eu ia mas não vou)
Agora que esquentou
(Eu disse que eu ia mas não vou)
Minha mãe já me chamou
(Eu disse que eu ia mas não vou)
Olha o Mestre já chegou
(Eu disse que eu ia mas não vou)

Eu já vou beleza
Eu já vou me embora
(Eu já vou beleza
Eu já vou me embora)
Eu já vou beleza
Eu já vou beleza
(Eu já vou beleza
Eu já vou me embora)
Adeus, adeus
(Boa viagem)
Eu vou me embora
(Boa viagem)

Eu pisei na cobra verde
Cobra verde é um bom sinal
Bom sinal, é um bom sinal
(Cobra verde é um bom sinal)
É bom sinal, é bom sinal
(Cobra verde é um bom sinal)
Tava andando num caminho, quando a cobra apareceu
Eu pisei na cabeça dela, mas a cobra nem mordeu
Oi eu pisei na cobra verde
Cobra verde é um bom sinal
Bom sinal, é um bom sinal
(Cobra verde é um bom sinal)

Eu pisei na folha seca
Eu ouvi fazer chuê chuá
Chuê chuê, chuê chuá
(Eu ouvi fazer chuê chuá)
Chuê daqui, chuê de lá
(Eu vim fazer chuê chuá)
Chuê chuê, chuê chuê,chuê chuê, chuá
(Eu ouvi fazer chuê chuá)

Eu sou Angoleiro
Angoleiro é o que sou
(Eu sou Angoleiro)
Angoleiro de valor
(Eu sou Angoleiro)
Angoleiro, sim senhor
(Eu sou Angoleiro)

Eu vi a cotia com coco no dente
Com coco no dente, com coco no dente
(Eu vi a cotia com coco no dente)
Comendo farinha, olhando pra gente
(Eu vi a cotia com coco no dente)
Não sei se era coco, ou se era cemente
(Eu vi a cotia com coco no dente)

Eu vi jararaca no cajueiro
Meu senhor mandou matar
(Eu vi jararaca no cajueiro)
No cajueiro, ô no cajueiro
(Eu vi Jararaca no cajueiro)
Quando eu vi mandou matar
(Eu vi Jararaca no cajueiro)
Seu veneno é perigoso
(Eu vi Jararaca no cajueiro)
Quando picar pode matar
(Eu vi Jararaca no cajueiro)
Foi no cajueiro, no cajueiro
(Eu vi jararaca no cajueiro)

Eu vi o sol, vi a lua clarear
Eu vi meu bem, dentro do canavial
(Eu vi o sol, vi a lua clarear
Eu vi meu bem, dentro do canavial)
A estrela no céu corre, eu também quero correr
A estrela atrás da lua, eu atrás do bem querer
(Eu vi o sol, vi a lua clarear
Eu vi meu bem, dentro do canavial)
Tava na beira da praia, tava lá fitando o mar
A lua só ama o sol, para poder se iluminar
(Eu vi o sol, vi a lua clarear
Eu vi meu bem, dentro do canavial)

Eu vou ali, eu volto já
Eu volto já, eu volto já
(Eu vou ali, eu volto já)
Vocês podem me esperar
(Eu vou ali, eu volto já)
Vou comprar maracujá
(Eu vou ali, eu volto já)
Eu não posso demorar
(Eu vou ali, eu volto já)
Eu vou no Rio de Janeiro
(Eu vou ali, eu volto já)
Vou passar em Salvador
(Eu vou ali, eu volto já)

Foi agora que eu cheguei, me mandaram me chamar
Para ver os Angoleiros, pra poder nós vadiar
(Foi agora que eu cheguei, me mandaram me chamar
Para ver os Angoleiros, pra poder nós vadiar)
Pra poder nos vadiar, Pra poder nos vadiar
Quem não pode com mandinga, não carrega patuá
(Foi agora que eu cheguei, me mandaram me chamar
Para ver os Angoleiros, pra poder nós vadiar)

Foi na Bahia, que eu mandei fazer,
Foi na Bahia, que eu mandei preparar
Meu patuá, meu pai, meu patuá
Meu patuá para me proteger
(Foi na Bahia, que eu mandei fazer,
Foi na Bahia, que eu mandei preparar
Meu patuá, meu pai, meu patuá
Meu patuá para me proteger)

Foi na beira do mar, foi na beira do mar
Aprendi a jogar, Capoeira de Angola, na beira do mar
(Foi na beira do mar, foi na beira do mar
Aprendi a jogar, Capoeira de Angola, na beira do mar)
O riacho que corre pro rio, e o rio que corre pro mar
E o mar é morada de peixe, quero ver quem vai jogar
(Foi na beira do mar, foi na beira do mar
Aprendi a jogar, Capoeira de Angola, na beira do mar)

Foi no balanço, foi no remelexo
Que eu vi o siri derrubar caranguejo
(Foi no balanço, foi no remelexo)
Que eu vi o siri, bater no caranguejo
(Foi no balanço, foi no remelexo)
Que eu vi o siri, bater no caranguejo
(Foi no balanço, foi no remelexo)
Mais foi no balanço foi no remelexo
Que eu vi o siri carregar caranguejo
(Foi no balanço, foi no remelexo)

Galo já cantou, já raiou o dia
Berimbau já deu chamada, no toque Santa Maria
(Galo já cantou, já raiou o dia)
É que o galo canta cedo, canta cedo na Bahia
(Galo já cantou, já raiou o dia)
A capoeira, vai mostrar sua magia
(Galo já cantou, já raiou o dia)
Eu jogo capoeira, dia e noite, noite e dia
(Galo já cantou, já raiou o dia)

Gunga é meu, gunga é meu
Gunga é meu, é meu, é meu
(Gunga é meu, gunga é meu)
Gunga é meu, foi paipai quem me deu
(Gunga é meu, gunga é meu)
Gunga é meu, eu não dou a ninguém
(Gunga é meu, gunga é meu)
Gunga é meu, eu não vendo, eu não dou
(Gunga é meu, gunga é meu)

Iê bate dendê
O patrão mandou vender, ô dendê
(Iê bate dendê)
Menina fica de lado, ô dendê
I(ê bate dendê)
Meu patrão mandou bater, ô dendê
(Iê bate dendê)
O meu pilão é de madeira, ô dendê
(Iê bate dendê)
Eu quero ver você cantar, ô dendê
(Iê bate dendê)

Jogo de Angola é jogo de dentro
Meu berimbau, ele toca São Bento
(Jogo de Angola é jogo de dentro)
Meu berimbau, vem de lá de São Bento
(Jogo de Angola é jogo de dentro)
Ai meu Deus, ele vai tocar São Bento
(Jogo de Angola é jogo de dentro)
Angoleiro quando é bom
(Jogo de Angola é jogo de dentro)
Se conhece pela ginga
(Jogo de Angola é jogo de dentro)

Jogo de dentro, jogo de fora
Valha-me Deus, minha Nossa Senhora
(Jogo de dentro, jogo de fora)
Jogo bonito, esse jogo é de Angola
(Jogo de dentro, jogo de fora)
Jogo bonito, berimbau e viola
(Jogo de dentro, jogo de fora)
Jogo bonito quero ver agora
(Jogo de dentro, jogo de fora)
Jogo manhoso, esse jogo é de Angola
(Jogo de dentro, jogo de fora)

Jogue comigo com muito cuidado
Com muito cuidado, com muito cuidado
(Jogue comigo com muito cuidado)
Você só apanha se for malcriado
(Jogue comigo com muito cuidado)
Se você não bater, eu também não lhe bato
(Jogue comigo com muito cuidado)
Seja manhoso, mas não seja malvado
(Jogue comigo com muito cuidado)

Laça o boi vaqueiro
Vaqueiro laça o gado
(Laça o boi vaqueiro)
Vaqueiro laça o boi
(Laça o boi vaqueiro)
Vaqueiro laça o gado
(Laça o boi vaqueiro)
Vaqueiro laça o boi
(Laça o boi vaqueiro)

Laça, laça, laçador
Laça o boi, laça seu gado
(Laça, laça, laçador)
Laça o boi, amarra seu gado
(Laça, laça, laçador)
Laça o boi, laça seu gado
(Laça, laça, laçador)
Laça o boi, amarra seu gado
(Laça, laça, laçador)

Lá na ponte tem um cidadão
Ele pede eu dou
(Um aperto de mão)
Ele dá eu dou
(Um aperto de mão)
Ele pede eu dou
(Um aperto de mão)
Ele dá eu dou
(Um aperto de mão)
Ele pede eu dou
(Um aperto de mão)

Lembá ê, lembá
Lembá do barro vermelho
Lemba do barro vermelho
Lembá do barro vermelho
(Lembá ê, lembá
Lembá do barro vermelho)
Lemba do barro vermelho
Lembá do vermelho barro
(Lembá ê, lembá
Lembá do barro vermelho)

Leva eu meu mano
Leva meu mano mais eu
(Leva eu meu mano)
Leva eu, ô leva eu
(Leva eu meu mano)
Ô meu mano leva eu
(Leva eu meu mano)
Olha não me deixe aqui
(Leva eu meu mano)
Por favor eu quero ir
(Leva eu meu mano)

Luanda ê meu boi
Luanda ê Pará
Teresa canta sentada
Idalina samba em pé
Lá no Cais da Bahia
Na roda de capoeira
Não tem lêlê, não tem nada
Não tem lêlê, não tem lálá
Ô laí lailá
(Ô lê lê!)
Lalaí lailá
(Ô lê lê!)

Levanta a saia lá vem a maré
Lá vem a maré, lá vem a maré
(Levanta a saia, lá vem a maré)
Sou discipulo que aprende
(Levanta a saia lá vem a maré)
Sou mestre que dou lição
(Levanta a saia lá vem a maré)
Na roda da capoeira
(Levanta a saia lá vem a maré)
Nunca dei meu golpe em vão
Lá vem a maré, lá vem a maré
(Levanta a saia lá vem a maré)

Levanta sinhá vai à feira
O bom capoeira está lá
(Levanta sinhá vai à feira)
Mestre Pastinha está lá
(Levanta sinhá vai à feira)
Mestre Caiçara está lá
(Levanta sinhá vai à feira)
Mestre Cobrinha está lá
(Levanta sinhá vai à feira)
Mestra Gegê está lá
(Levanta sinhá vai à feira)

Madeira de Massaranduba
Madeira de Jacarandá
(Madeira de Massaranduba
Madeira de Jacarandá)
Ô, beriba é pau, é madeira
(Biriba é pra tocar)
Ô, beriba é pau, é madeira
(Biriba é pra tocar)
Madeira de Massaranduba
Madeira de Jacarandá
(Madeira de Massaranduba
Madeira de Jacarandá)
Ô, beriba é pau, é madeira
(Biriba é pra tocar)
Ô, beriba é pau, é madeira
(Biriba é pra tocar)

Mãe amanhã eu vou
Mãe amanhã chego lá
(Mãe amanhã eu vou
Mãe amanhã chego lá)
Vou pra Ilha de Maré
Amanhã eu chego lá
(Mãe amanhã eu vou
Mãe amanhã chego lá)
Se o senhor me der licença
Se meu barco não virar
(Mãe amanhã eu vou
Mãe amanhã chego lá)
Berimbau tá me chamando
Eu não posso demorar
(Mãe amanhã eu vou
Mãe amanhã chego lá)

Mamãe me mandou dizer, mamãe me mandou falar
(Mamãe me mandou dizer)
Meu filho toma cuidado
(Mamãe me mandou dizer)
Quando você for jogar
(Mamãe me mandou dizer)
Se chegar peça licença
(Mamãe me mandou dizer)
Não se esqueça de rezar
(Mamãe me mandou dizer)
Na roda da capoeira
(Mamãe me mandou dizer)
Faça sua oração
(Mamãe me mandou dizer)
Peça a seu pai de Ogum
(Mamãe me mandou dizer)

Mandingueiro, mandingueiro
Cadê o mandingueiro
(Mandingueiro, mandingueiro)
Onde está o mandingueiro
(Mandingueiro, mandingueiro)
Me chama mandingueiro
(Mandingueiro, mandingueiro)
Mandingueiro, mandinga
(Mandingueiro, mandingueiro)
Cadê sua mandinga
(Mandingueiro, mandingueiro)

Maracangalha ê ê, Maracangalha ê á
(Maracangalha ê ê, Maracangalha ê á)
Olha lá Maracangalha, terra grande de valor
A terra da capoeira, onde Besouro andou, Maracangalha
(Maracangalha ê ê, Maracangalha ê á)
Olha lá Maracangalha, terra boa hospitaleira
A terra dos engenhos, onde nasceu a capoeira, Maracangalha
(Maracangalha ê ê, Maracangalha ê á)
Olha lá Maracangalha, terra boa de tradição
Todos com o uniforme branco, com o seu chapéu na mão
(Maracangalha ê ê, Maracangalha ê á)

Maré maré
Olha a baixa da maré
(Maré, maré)
Vou pra ilha de maré
(Maré, maré)
Maré que enche e que vaza
(Maré, maré)
Maré baixa, maré alta
(Maré, maré)
Maré que vem, maré que vai
(Maré, maré)

Maria Conga
Esse quilombo é nosso
Esse quilombo é meu é seu
Esse quilombo é nosso
(Maria Conga
Esse quilombo é nosso
Esse quilombo é meu é seu
Esse quilombo é nosso)

Mas eu não sou daqui
(Marinheiro só)
Eu não tenho amor (Marinheiro só)
Eu sou da Bahia (Marinheiro só)
De São Salvador (Marinheiro só)
Ô marinheiro, marinheiro (Marinheiro só)
Quem te ensinou a navegar (Marinheiro só)
Foi o tombo do navio (Marinheiro só)
Ou foi o balanço do mar (Marinheiro só)
Lá vem lá vem (Marinheiro só)
Como ele vem faceiro (Marinheiro só)
Todo de branco (Marinheiro só)
Com seu bonezinho (Marinheiro só)

Me leva, me leva
Me leva pra Angola, me leva
(Me leva, me leva)
Me leva pra Angola pra vadiar
(Me leva, me leva)
Eu não gosto de pedir
(Me leva, me leva)
Pra não me chamar pidão
(Me leva, me leva)
Casamento de parente
(Me leva, me leva)
Não precisa certidão
(Me leva, me leva)

Meu atabaque é de couro de boi
Meu atabaque é de couro de boi
Olha o meu atabaque
(É de couro de boi)
Meu atabaque
(É de couro de boi)
De couro de boi
(É de couro de boi)

Meu berimbau é de madeira de lei
Meu berimbau é de madeira de lei
Olha meu berimbau
(É de madeira de lei)
É de madeira de lei
(É de madeira de lei)
Oi o meu berimbau
(É de madeira de lei)

Meu facão bateu em baixo, ai meu Deus
(A bananeira caiu)
O facão bateu em baixo
(A bananeira caiu)
Cai, cai bananeira
(A bananeira caiu)
Cai cai cai ô cai bananeira
(A bananeira caiu)

Minha mandinga não dou pra ninguém
Não dou pra ninguém, não dou pra ninguém
(Minha mandinga não dou pra ninguém)
Não dou pra ninguém, não vem que não tem
(Minha mandinga não dou pra ninguém)
Não peça menino, eu não dou pra ninguém
(Minha mandinga não dou pra ninguém)
Meu Mestre me deu, eu não dou a ninguém
(Minha mandinga não dou pra ninguém)
Não peça menino, não vem que não tem
(Minha mandinga não dou pra ninguém)
Não dou para você, não dou pra ninguém
(Minha mandinga não dou pra ninguém)

Minha sereia, rainha do mar
Não deixa meu barco virar
Não deixa meu barco virar
Mãe Janaína, sereia do mar
(Minha sereia, rainha do mar
Não deixa meu barco virar)
Não deixa meu barco virar
Ô minha mãe, minha mãe Yemanjá
(Minha sereia, rainha do mar
Não deixa meu barco virar)
Não deixa meu barco virar
Não deixa meu barco afundar
(Minha sereia, rainha do mar
Não deixa meu barco virar)

Na Angola na Angola, tudo é diferente na Angola
Tudo é diferente na Angola, tudo é diferente na Angola
(Na Angola na Angola, tudo é diferente na Angola)
Tudo é diferente na Angola, o jogo é mandingueiro na Angola
(Na Angola na Angola, tudo é diferente na Angola)
A viola responde na Angola, a pergunta do gunga na Angola
(Na Angola na Angola, tudo é diferente na Angola)
O jogo é mandingueiro na Angola, o jogo é maneiro na Angola
(Na Angola na Angola, tudo é diferente na Angola)
Berimbau é afinado na Angola, o jogo é de baixo na Angola
(Na Angola na Angola, tudo é diferente na Angola)
O jogo é rasteiro na Angola, tem balanço, tem ginga na Angola
(Na Angola na Angola, tudo é diferente na Angola)

Na Bahia que eu vi, Capoeira de Angola, io iô
Na Bahia que eu vi, Capoeira de Angola, ia iâ
(Na Bahia que eu vi, Capoeira de Angola, io iô
Na Bahia que eu vi, Capoeira de Angola, ia iâ)
Na Bahia que eu vi Mestre Cobrinha, io iô
Na Bahia que eu vi Mestra Gegê, ia iâ
(Na Bahia que eu vi, Capoeira de Angola, io iô
Na Bahia que eu vi, Capoeira de Angola, ia iâ)

Não bata na criança, que a criança cresce
Quem bate não se lembra, quem apanha não se esquece
(Não bata na criança, que a criança cresce)
Que a criança cresce, que a criança cresce
(Não bata na criança, que a criança cresce)
Se hoje ela apanha, amanhã não te obedece
(Não bata na criança, que a criança cresce)

Navio negreiro, de Angola chegou
Cheio de negros, trazendo o Rei Nagô
(Navio negreiro de Angola chegou
Cheio de negros, trazendo o Rei Nagô)
Navio negreiro, de Angola chegou
Cheio de negros, trazendo o Rei Nagô
(Navio negreiro de Angola chegou
Cheio de negros, trazendo o Rei Nagô)

Nem tudo que reluz é ouro
Nem tudo que balança cai
(Nem tudo que reluz é ouro
Nem tudo que balança cai)
Cai, cai, cai, cai
Capoeira balança, mas não cai
(Cai, cai, cai, cai)
Angoleiro balança, mas não cai
(Cai, cai, cai, cai)

Nkosi biole sibiolala, Nkosi biole sibiolala
Nkosi biole sibiolala, kajamungongo, Nkosi biole sibiolala
(Nkosi biole sibiolala, Nkosi biole sibiolala)
Nkosi biole sibiolala, kajamungongo, Nkosi biole sibiolala
(Nkosi biole sibiolala, Nkosi biole sibiolala)
Kajamungongo
(Nkosi biole sibiolala)
Kajamungongo
(Nkosi biole sibiolala)

No estado da Bahia
Existia um cidadão
Falado e conhecido
E todo mundo ouviu falar
(De Besouro Mangangá)
Todo mundo ouviu falar
(De Besouro Mangangá)
Eu também já ouvi falar
(De Besouro Mangangá)

Ô areia, ô areia
(Ô areia, ô areia)
Da licença aí
(Areia)
Que eu quero passar
(Areia)
Tô chegando agora
(Areia)
Quero vadiar
(Areia)

Ô Besouro preto, ô Besouro preto malvado
Ô Besouro preto bará,
ô Besouro preto danado
(Ô Besouro preto, ô Besouro preto malvado)
Ô Besouro preto danado,
ô Besouro preto dourado
(Ô Besouro preto, ô Besouro preto malvado)
Ô Besouro preto bará,
ô Besouro preto danado
(Ô Besouro preto, ô Besouro preto malvado)

Ô dendê ô dendê, ô dendê ô dendê
Dendê de aro amarelo, dendê de aro amarelo
Mas vou dizer a dendê
(Tem homem e tem mulher)
Vá dizer a dendê
(Tem homem e tem mulher)
Mas vá dizer a dendê
(Tem homem e tem mulher)
Mas já falei pra dendê
(Tem homem e tem mulher)

Ô dendê ô dendê, ô dendê ô dendê
Ô dendê ô dandá
Olha Santa Maria mãe de Deus
Ô bom Jesus de Maria
(Ô dendê ô dendê, ô dendê ô dendê
Ô dendê ô dandá)
Ô Santa Maria mãe de Deus
Ô mãe de Deus é Maria
(Ô dendê ô dendê, ô dendê ô dendê
Ô dendê ô dandá)

Ô iaiá mando dar uma volta só
Ô iaiá mando dar
(Uma volta só)
Uma volta danada
(Uma volta só)
É uma volta só
(Uma volta só)
Ô iaiá mandei dar
(Uma volta só)
É uma volta ligeira
(Uma volta só)

Ô ia iá, o senhor tá me chamando
O senhor tá me chamando, ô ia iá
Diga ele que vou já, ô ia iá
(Ô ia iá, o senhor tá me chamando)
O senhor tá me chamando, ô ia iá
Está chamando pra jogar, ô ia iá
(Ô ia iá, o senhor tá me chamando)
O senhor mandou dizer, ô ia iá
Pra você não demorar, ô ia iá
(Ô ia iá, o senhor tá me chamando)

Oi nega o que vende aí
Coco e pipoca que é do Brasil
(Oi nega o que vende aí)
É arroz de Maranhão
(Oi nega o que vende aí)
É coco e pipoca que é do Brasil
(Oi nega o que vende aí)

Ô procura embaixo, tô encima, tô encima
Procura encima, tô embaixo, tô embaixo
Ô procura embaixo (Tô encima, tô encima)
Ô, procura em cima (Tô embaixo, tô embaixo)
Ô, procura embaixo (Tô encima, tô encima)
Ô, na Angola (Tô embaixo, tô embaixo)
Ô, na capoeira (Tô encima, tô encima)

Oi sim, sim, sim, oi não, não, não
(Oi sim, sim, sim, oi não, não, não)
Mas hoje tem amanhã não, mas hoje tem amanhã não
(Oi sim, sim, sim, oi não, não, não)
Olha pisada de Lampião, olha pisada de Lampião
(Oi sim, sim, sim, oi não, não, não)
Mas se você dizer que sim, eu vou lhe dizer que não
(Oi sim, sim, sim, oi não, não, não)

Ô la laí, la laí la lailá
Ô la laí, la laí la lailá
Ô laí!
(La lailá)
Ô laí!
(La lailá)

Ô lá, ô laê
Eu vou bater, quero ver cair
(Ô lá, ô laê)
Sem machucar, quero ver cair
(Ô lá, ô laê)

Olha é tu que é moleque
(Moleque é tu)
Ô moleque danado
(Moleque é tu)
Ô é tu que é moleque
(Moleque é tu)

Olha lá o nego
(Olha o nego sinhá)
Olha lá o nego
(Olha o nego sinhá)
No terno de linho
(Olha o nego, sinhá)
Esse nego é Angoleiro
(Olha o nego sinhá!)

Ô mamãe eu vou pra lá
Vou pra lá pra vadiar
(Ô mamãe eu vou pra lá
Vou pra lá pra vadiar)
Eu vou ver mamãe vou ver
Eu vou ver os angoleiros vadiar
(Ô mamãe eu vou pra lá
Vou pra lá pra vadiar)

Ô marimbondo, marimbondo
(Pelo sinal)
Marimbondo me mordeu
(Pelo sinal)
Marimbondo que é danado
(Pelo sinal)
Marimbondo é venenoso
(Pelo sinal)

Ô mariô mariô mariô
Ê mariô mariô mariô
(Ô mariô mariô mariô)
Vou entrar na mata tirar mariô
(Ô mariô mariô mariô)
Olha folha danada que é mariô
(Ô mariô mariô mariô)
Folha abençoada que é mariô
(Ô mariô mariô mariô)

Ô me dá meu dinheiro
Ô me dá meu dinheiro vale então
Ô me dá meu dinheiro vale então
Que no meu dinheiro ninguém põe a mão
(Ô me dá meu dinheiro, ô me dá meu dinheiro vale então)
Ô me dá meu dinheiro vale então
Lhe dou uma rasteira e te ponho no chão
(Ô me dá meu dinheiro, ô me dá meu dinheiro vale então)

O meu boi morreu, na passagem do valão
Na passagem do valão, na passagem do valão
(O meu boi morreu, na passagem do valão)
Na passagem do valão, o meu boi não voltou não
(O meu boi morreu, na passagem do valão)
Na passagem do valão, eu perdi um dinheirão
(O meu boi morreu, na passagem do valão)
Na passagem do valão, eu perdi o meu boizão
(O meu boi morreu, na passagem do valão)

Ô nega que vende aí, que vende aí, que vende aí
(Ô nega que vende aí)
Vende arroz e camarão
(Ô nega que vende aí)
Coco, pipoca que vem do Brasil
(Ô nega que vende aí)
Tem castanha do Pará
(Ô nega que vende aí)
Vende arroz do Maranhão
(Ô nega que vende aí)

Onde vai caimã
Caimã, caimã?
(Onde vai caimã)
Caimã, caimã!
(Onde vai caimã)
Foi pra ilha de maré
(Onde vai caimã)
Foi jogar a capoeira
(Onde vai caimã)

Ô Nair, por que você não falou
Por que você não falou, ô Nair
Que esse homem lhe bateu, ô Nair
(Ô Nair, por que você não falou)
Por que você não falou, ô Nair
Capoeira lhe venceu, ô Nair
(Ô Nair, por que você não falou)
Por que você não falou, ô Nair
Que foi que aconteceu, ô Nair
(Ô Nair, por que você não falou)

Ô pandeiro, ô viola, ô pandeiro, ô viola
Vou chegando de bem longe, o que eu trouxe de lá
Trago a força da terra, trago a força do ar, ô pandeiro
(Ô pandeiro, ô viola, ô pandeiro, ô viola)
Peço proteção a Nkosi, para vir cantar agora
Menino colega velho, deixa eu brincar na roda, ô pandeiro
(Ô pandeiro, ô viola, ô pandeiro, ô viola)
Se você quiser me ver, bote seu navio no mar
Eu também sou marinheiro, também quero navegar, ô pandeiro
(Ô pandeiro, ô viola, ô pandeiro, ô viola)

Ô Santa Barbara de Relampué
De Relampué, de Relampuá
(Ô Santa Barbara de Relampué)
Ê, Relampué, de Relampuá
(Ô Santa Barbara de Relampué)
De Relampué, de Relampuá
(Ô Santa Barbara de Relampué)
Ê, Relampué, que Relampuá
(Ô Santa Barbara de Relampué)

O tempo mudou relampejou
O tempo mudou relampejou
O tempo mudou
(Relampejou)
O dia escureceu
(Relampejou)
A noite clareou
(Relampejou)
Tempestade desceu
(Relampejou)

Onda vai, onda vem
Onda miúda, não pega ninguém
(Onda vai, onda vem)
Maré que vai, maré que vem
(Onda vai, onda vem)
Essa onda não pega, não mata ninguém
(Onda vai, onda vem)

Pai é pai, mãe é mãe
Abença meu pai, abença minha mãe
(Pai é pai, mãe é mãe)
Como vai, como passou, abença minha mãe
(Pai é pai, mãe é mãe)
Eu sou um bom filho, agradeço a minha mãe
(Pai é pai, mãe é mãe)

Passei na igreja, fiz pelo sinal
Quando eu vi o inimigo
(Eu fiz pelo sinal)
Acordei de manhã
(Eu fiz pelo sinal)
Passei na igreja
(Eu fiz pelo sinal)

Pau pau pereira
Olha o pé da laranjeira
(Pau, pau pereira)
Olha o tronco da madeira
(Pau, pau pereira)
Olha a casca da madeira
(Pau, pau pereira)

Pau rolou, caiu
Na boca da mata, ninguém viu
(Ô pau rolou, caiu)
Lá na beira da mata ninguém viu
(Ô pau rolou, caiu)
Lá na boca da mata, ninguém viu
(Ô pau rolou, caiu)

Pé dentro, pé fora
Quem tiver pé pequeno, vá se embora
(Pé dentro, pé fora)
Quem tiver pé pequeno, vai embora
(Pé dentro, pé fora)
Quem tiver pé pequeno, caia fora
(Pé dentro, pé fora)

Pegue esse gunga, me venda ou me dê
O gunga é meu, mas não dá pra vender
(Pegue esse gunga, me venda ou me dê)
Esse gunga é meu, esse gunga é meu
(Pegue esse gunga, me venda ou me dê)
Esse gunga é meu, eu não posso vender
(Pegue esse gunga, me venda ou me dê)
Esse gunga é meu, o meu Mestre me deu
(Pegue esse gunga, me venda ou me dê)

Pelo sinal da Santa Cruz
Pelo sinal da Santa Cruz
Olha pelo sinal
(Da Santa Cruz)
Oi pelo sinal
(Da Santa Cruz)
Ê pelo sinal
(Da Santa Cruz)

Pimenta madura que dá semente
Ô da semente, da semente
(Pimenta madura que da semente)
Pimenta madura é que da semente
(Pimenta madura que da semente)
Que da semente, da semente
(Pimenta madura que da semente)
Oi da semente, da semente
(Pimenta madura que da semente)

Pisa caboclo, quero ver você pisar
Pisa lá que eu piso cá, quero ver você pisar
(Pisa caboclo, quero ver você pisar)
Na batida do meu gunga, quero ver você pisar
(Pisa caboclo quero ver você pisar)
Na roda de capoeira, quero ver você pisar
(Pisa caboclo quero ver você pisar)
Pisa caboclo, olhe lá quem vem chegar
(Pisa caboclo quero ver você pisar)
Pisa lá que eu piso cá, quero ver você gingar
(Pisa caboclo quero ver você pisar)

Pomba voou, pomba voou
Pomba voou, gavião pegou
(Pomba voou, pomba voou)
Se a pomba voou, deixa a pomba voar
(Pomba voou, pomba, voou)
Pomba voou, nunca mais voltou
(Pomba voou, pomba, voou)
A pomba voou, a pomba voou
(Pomba voou, pomba, voou)
Gavião pegou, gavião pegou
(Pomba voou, pomba, voou)

Ponha lá vaqueiro, ponha jaleco de couro
Ponha jaleco de couro, ponha jaleco de couro
(Ponha lá vaqueiro, ponha jaleco de couro)
Ponha jaleco de couro, na porteira do curral
(Ponha lá vaqueiro, ponha jaleco de couro)
Ponha jaleco de couro, meu senhor mandou botar
(Ponha lá vaqueiro, ponha jaleco de couro)
Ponha jaleco de couro, pra pegar o boi fujão
(Ponha lá vaqueiro, ponha jaleco de couro)
Ponha jaleco de couro, vaqueiro laçador
(Ponha lá vaqueiro, ponha jaleco de couro)

Por cima do mar eu vim, por cima do mar eu vou voltar
Por cima do mar eu vim, por cima do mar eu vou voltar
(Por cima do mar eu vim, por cima do mar eu vou voltar)
Ê por cima do mar eu vim, no navio negreiro de Angola
(Por cima do mar eu vim, por cima do mar eu vou voltar)
Por cima do mar eu vim, com as ondas do mar vou navegar
(Por cima do mar eu vim, por cima do mar eu vou voltar)

Por favor não maltrate esse nego
Esse nego foi quem me ensinou
Esse nego da calça rasgada, camisa furada,
foi meu professor
(Por favor não maltrate esse nego
Esse nego foi quem me ensinou
Esse nego da calça rasgada, camisa furada,
foi meu professor)

Pra lavar minha roupa não tem sabão
Não tem sabão, não tem sabão
(Pra lavar minha roupa não tem sabão)
Não tem sabão, não suja não
(Pra lavar minha roupa não tem sabão)
A roupa branca, não suja não
(Pra lavar minha roupa não tem sabão)

Quando a maré baixar
Quando a maré baixar, eu vou
Quando a maré baixar, eu vou
Quando a maré baixar, eu vou
(Quando a maré baixar
Quando a maré baixar, eu vou)
Olha quando a maré baixar, eu vou
Quando a maré baixar, eu vou
(Quando a maré baixar
Quando a maré baixar, eu vou)

Quando eu, deixei Angola
Meu berimbau chorou
Chorou pai, chorou mãe
Meu berimbau chorou
(Chorou pai, chorou mãe)
Mestre Pastinha chorou
(Chorou pai, chorou mãe)
Toda Bahia chorou
(Chorou pai, chorou mãe)

Quando eu morrer, me enterre na Lapinha
Quando eu morrer, me enterre na Lapinha
Calça culote, paletó e almofadinha
Calça culote, paletó e almofadinha
Adeus Bahia, zum zum zum, cordão de ouro
Eu vou partir, porque mataram meu Besouro
Ê zum zum zum zum
(É, Besouro!)
Ê Zum zum zum zum
(É, Besouro!)

Quando eu vim para Bahia, capoeira
Encontrei meu amor (Capoeira)
Meu amor foi berimbau (Capoeira)
Berimbau quem me ensinou (Capoeira)
É um jogo dedicado (Capoeira)
Só quem sabe é quem jogou (Capoeira)
Cabeçada daqui (Capoeira)
Meia lua de lá (Capoeira)
Olhe o rabo de arraia (Capoeira)
Pra você não dançar (Capoeira)
Mestre Boca Rica (Capoeira)
É um homem de valor (Capoeira)

Quando meu filho nascer
Vou perguntar pra parteira
O que é que meu filho vai ser
Meu filho vai ser capoeira
Capoeira capú
(Maculelê, maracatú)
Não é karatê, nem também kung-fu
(Maculelê, maracatú)
Fui na Bahia, comer caruru
(Maculelê, maracatú)
Eu dou uma armada, você sai no aú
(Maculelê, maracatú)

Quebra, quebra gereba
Ô vou quebrar tudo hoje
Amanhã nada quebra
(Quebra, quebra gereba)
Quero ver quebrar na mandinga
Quero ver se tu quebra
(Quebra, quebra gereba)
Ô se quebrar tudo hoje
Amanhã que que quebra
(Quebra, quebra gereba)

Quem é ele, que chegou agora
Quem é ele, jogador de Angola
(Quem é ele, que chegou agora
Quem é ele, jogador de Angola)
Ê, mas quem é ele, que chegou agora
Mas ele é Angoleiro, vem chegando de Angola
(Quem é ele, que chegou agora
Quem é ele, jogador de Angola)

Quem não sabe andar
Pisa no massapé e escorrega
Pisa no massapê e escorrega
Pisa no massapê e escorrega
(Quem não sabe andar
Pisa no massapé e escorrega)

Quem nunca viu, venha ver
Licuri quebrar dendê
(Quem nunca viu, venha ver)
Ai meu Deus, Licuri quebrar dendê
(Quem nunca viu, venha ver)
Venha ver, mas venha ver
(Quem nunca viu, venha ver)

Quem quiser me ver, vai na Piedade amanhã
Vai na Piedade amanhã,
vai na Piedade amanhã
(Quem quiser me ver, vai na Piedade amanhã)
Capoeira de Angola amanhã,
vai na Piedade amanhã
(Quem quiser me ver, vai na Piedade amanhã)
Vai jogar na roda amanhã,
vai na Piedade amanhã
(Quem quiser me ver, vai na Piedade amanhã)
Waldemar da Liberdade amanhã,
vai na Piedade amanhã
(Quem quiser me ver, vai na Piedade amanhã)
Eu sou braço de maré amanhã,
coroa de mar sem fim, amanhã
(Quem quiser me ver, vai na Piedade amanhã)

Quem vem lá sou eu, quem vem lá sou eu
Berimbau bateu, Angoleiro sou eu
(Quem vem lá sou eu, quem vem lá sou eu
Berimbau bateu, Angoleiro sou eu)
Eu venho de longe, venho da Luanda
Jogo capoeira, Kaiongô quem me mandou
(Quem vem lá sou eu, quem vem lá sou eu
Berimbau bateu, Angoleiro sou eu)
Ô sou eu, sou eu
(Quem vem lá)
Sou eu brevenuto
(Quem vem lá)
Montado a cavalo
(Quem vem lá)
Vem fumando charuto
(Quem vem lá)

Quem vem aqui uma vez camarada, vai voltar
Vai voltar, camarada, vai voltar
(Quem vem aqui uma vez camarada, vai voltar)
Vai voltar, aqui em Caxias, vai voltar
(Quem vem aqui uma vez camarada, vai voltar)
Vai voltar, outra vez, vai voltar
(Quem vem aqui uma vez camarada, vai voltar)
Vai voltar, pra aprender, capoeira, vai voltar
(Quem vem aqui uma vez camarada, vai voltar)
Vai voltar, amigo meu, vai voltar
(Quem vem aqui uma vez camarada, vai voltar)
Vai voltar, colega velho, vai voltar
(Quem vem aqui uma vez camarada, vai voltar)
Tenho certeza, meu amigo, vai me encontrar
(Quem vem aqui uma vez camarada, vai voltar)

Rema o barco remador, não deixa o barco virar
(Rema o barco remador)
Que eu não posso me atrasar
(Rema o barco remador)
Não deixa o barco virar
(Rema o barco remador)
Oi, rema o barco remador
(Rema o barco remador)

Sabiá cantou, cantou, cantou, cantou
(Sabiá cantou)
Na ladeira da Lapinha
(Sabiá cantou)
Se cantou, deixa cantar
(Sabiá cantou)
Na ladeira miudinha
(Sabiá cantou)

Saia do mar, saia do mar marinheiro
Saia do mar marinheiro, saia do mar estrangeiro
(Saia do mar, saia do mar marinheiro)
Saia do mar marinheiro, vem vadiar mandingueiro
(Saia do mar, saia do mar marinheiro)
Era eu era meu mano, era meu mano era eu, marinheiro
(Saia do mar, saia do mar marinheiro)

Saí do Congo, passei por Angola
Cheguei aqui hoje, quero vadiar Angola
(Saí do Congo, passei por Angola
Quero vadiar, quero vadiar
Capoeira de Angola, vim aqui pra vadiar
(Saí do Congo, passei por Angola
Quero vadiar, quero vadiar

Sai, sai Catarina
Saia do mar, venha ver Idalina
(Sai, sai, Catarina)
Saia do mar, venha ver, venha ver
(Sai, sai, Catarina!)
Idalina venha ver
(Sai, sai, Catarina!)

Santo Antônio é protetor
Da barquinha de Noé
(Santo Antônio é protetor)
Protetor da Capoeira
(Santo Antônio é protetor)
Protetor do meu Amor
(Santo Antônio é protetor)

Se chamar para Angola eu vou
Chama agora que eu vou
(Se chamar para Angola eu vou)
Mas me chama que eu já vou
(Se chamar para Angola eu vou)
Eu já fui em Moçambique
(Se chamar para Angola eu vou)
Mas agora vou pra Angola
(Se chamar para Angola eu vou)

Se da Bahia eu me cansar, vou me embora pra lá pra Luanda
Vou me embora pra lá pra Luanda, vou ficar do lado de Angola
(Se da Bahia eu me cansar, vou me embora pra lá pra Luanda)
Vou me embora pra lá pra Luanda, vou me embora daqui pra Luanda
(Se da Bahia eu me cansar, vou me embora pra lá pra Luanda)
Se eu aqui não ficar, eu vou pra lá, vou me embora pra lá pra Luando
(Se da Bahia eu me cansar, vou me embora pra lá pra Luanda)
Vou morar em Angola em Luanda, vou para lá pra Luanda, Luanda
(Se da Bahia eu me cansar, vou me embora pra lá pra Luanda)

Sela meu cavalo pequeno,
que eu já vou embora
Sela meu cavalo pequeno,
chegou a hora
(Sela meu cavalo pequeno,
que eu já vou embora
Sela meu cavalo pequeno,
chegou a hora)

Seu delegado não me prenda não
Se eu contar minha história, o senhor me dá razão
(Seu delegado não me prenda não)
Mas eu não brigo, eu não bato, eu não sou de confusão
(Seu delegado não me prenda não)
Mas eu jogo capoeira, pra minha distração
(Seu delegado não me prenda não)
Mas esse cabra é malvado, e é muito valentão
(Seu delegado não me prenda não)
Mas ele pisou no meu pé, e me deu um empurrão
(Seu delegado não me prenda não)

Seu Pastinha mandou falar
Ele mandou falar, ele mandou falar
(Seu Pastinha mandou falar)
Que dois meninos ele ia ensinar
(Seu Pastinha mandou falar)
Ele mandou falar, ele mandou falar
(Seu Pastinha mandou falar)
Um se chama João Pequeno, outro se chama João Grande
(Seu Pastinha mandou falar)
Um se chama Cobra Mansa, outro se chama Gavião
(Seu Pastinha mandou falar)

Solta a mandinga ê
Solta a mandinga á
Solta a mandinga ê, capoeira
Solta a mandinga á
(Solta a mandinga ê
Solta a mandinga á)
Solta a mandinga ê, Angoleiro
Que agora vou vadiar
(Solta a mandinga ê
Solta a mandinga á)

Sou Angoleiro que veio de Angola
Com Deus e com Nossa Senhora
(Sou Angoleiro que veio de Angola)
Trazendo pandeiro, atabaque e viola
(Sou Angoleiro que veio de Angola)
Meu berimbau, ele vem de Angola
(Sou Angoleiro que veio de Angola)

Sou eu Humaitá, sou eu Humaitá, sou eu
Sou eu Humaitá sou eu, sou eu Humaitá, sou eu
(Sou eu Humaitá, sou eu Humaitá, sou eu)
Ê, sou eu, ô sou eu, sou eu Humaitá sou eu
(Sou eu Humaitá, sou eu Humaitá, sou eu)
Vou embora pra Maré, não sei quando venho cá, Humaitá
(Sou eu Humaitá, sou eu Humaitá, sou eu)

Sou negro nagô, sou negro nagô
Meu avô foi escravo, mas hoje eu não sou
(Sou negro nagô, sou negro nagô)
De Angola e Benin, eu sou negro nagô
(Sou negro nagô, sou negro nagô)
Zumbi é guerreiro, Zumbi é nagô
Sou negro nagô, sou negro nagô

Tabaréu que vem do sertão
Ele vende maxixe, quiabo e limão
(Tabaréu que vem do sertão)
Quem vem do sertão, vem do sertão
(Tabaréu que vem do sertão)
Ele vende maxixe, abóbora e limão
(Tabaréu que vem do sertão)
Que chega aqui, com a mala na mão
(Tabaréu que vem do sertão)

Tamanduá como vai coroa
Tamanduá como vai coroa
Olha tamanduá
(Como vai coroa?)
Ê tamanduá
(Como vai coroa?)
Como vai coroa
(Como vai coroa?)

Tem dendê, tem dendê
Capoeira de Angola tem dendê
(Tem dendê, tem dendê)
Mestre Pastinha tem dendê
(Tem dendê, tem dendê)
O jogo de Angola tem dendê
(Tem dendê, tem dendê)
Atabaque tem dendê
(Tem dendê, tem dendê)

Ticum pereré, pereré, pereré
Ticum pereré
(Pereré, pereré)
Angola pereré
(Pereré, pereré)
Pereré, pereré
(Pereré, pereré)
Homem, menino e mulher
(Pereré, pereré)

Tim, tim, tim Aruandê
Aruanda, Aruanda, Aruandê
(Tim, tim, tim Aruandê)
Ô Aruanda, ô Aruanda, Aruandê
(Tim, tim, tim Aruandê)
Aruanda, é ferro de bater
(Tim, tim, tim Aruandê)
Aruanda, Aruanda, eu quero ver
(Tim, tim, tim Aruandê)

Tim, tim, tim, lá vai viola
Ê, lá vai viola
(Tim, tim, tim, lá vai viola)
Ô, lá vai viola
(Tim, tim, tim, lá vai viola)
Jogo bonito, esse jogo de Angola
(Tim, tim, tim, lá vai viola)
Olha canta comigo, tim, tim vai viola
(Tim, tim, tim, lá vai viola)

Tim tim tim quem vem lá
É o velho violeiro
(Tim tim tim quem vem lá)
Êêê o velho Angoleiro
(Tim tim tim quem vem lá)
Que o velho vem de longe
(Tim tim tim quem vem lá)
Oi afina sua sacola
(Tim tim tim quem vem lá)
Afine seu instrumento
(Tim tim tim quem vem lá)
Pra ele tocar uma viola
(Tim tim tim quem vem lá)

Tira daqui bota ali
(Ô Idalina)
Ô de lá bota cá
(Ô Idalina)
Tira daqui ponha ali
(Ô Idalina)
Tira dali bota aqui
(Ô Idalina)
Tira de cá, bota lá
(Ô Idalina)
Tira daqui bota ali
(Ô Idalina)
Tira de lá pra cá
(Ô Idalina)

Tô dormindo, tô sonhando
Tão falando mal de mim
(Tô dormindo, tô sonhando)
Estão falando mal de mim
(Tô dormindo, tô sonhando)
Falando mal que eu vi
(Tô dormindo, tô sonhando)
Na roda de capoeira
(Tô dormindo, tô sonhando)
Vem falando mal de mim
(Tô dormindo, tô sonhando)
Agora vou acordar
(Tô dormindo, tô sonhando)

Toca berimbau, toca berimbau tocador
Toca berimbau tocador,
joga capoeira jogador
(Toca berimbau, toca berimbau tocador)
Nessa roda de angola, tocador,
quero ver você jogar, jogador
(Toca berimbau, toca berimbau tocador)

Toma cuidado menino traquino
Que calça de homem, não da em menino
(Toma cuidado menino traquino)
Olha toma cuidado menino traquino
(Toma cuidado menino traquino)
Menino traquino, menino traquino
(Toma cuidado menino traquino)

Toma cuidado, toma juízo
Calça de homem, não dá em menino
(Toma cuidado, toma juízo)
Homem é homem, menino é menino
(Toma cuidado, toma juízo)
Não tem calça de homem, pra dar em menino
(Toma cuidado, toma juízo)

Um dois três, três e três, seis
Seis e três, nove, nove e três, doze
(Um dois três, três e três, seis
Seis e três, nove, nove e três, doze)
Amanhã e dia santo (Um dois três)
Dia de corpo Deus (Três e três, seis)
Quem tem roupa vai na missa (Seis e três, nove)
Quem não tem faz como eu (Nove e três, doze)

Urubu peneirou
Foi na galha do pau
Urubu peneirou
(Foi na galha do pau)
Foi na galha do pau
(Foi na galha do pau)
Peneirou, peneirou
(Foi na galha do pau)

Urubu come folha
(É conversa fiada)
Urubu come milho
(É conversa fiada)
É mentira, é conversa
(É conversa fiada)
É conversa fiada
(É conversa fiada)

Vai você, vai você
(Dona Maria como vai você)
Eu vim aqui, foi pra lhe ver
(Dona Maria como vai você)
Como vai, como passou, como vai você
(Dona Maria como vai você)
Olha bota mandinga, que eu quero ver
(Dona Maria como vai você)
Jogo de Angola, bonito de ver
(Dona Maria como vai você)

Valha-me Deus, Senhor São Bento
Eu vou jogar meu Barravento
(Valha-me Deus, Senhor São Bento)
Buraco velho tem cobra dentro
(Valha-me Deus, Senhor São Bento)
A cobra assanhada morde
(Valha-me Deus, Senhor São Bento)
Capoeira só Angola
(Valha-me Deus, Senhor São Bento)

Vamos apanhar areia, vamos apanhar areia no mar
Ê vamos pegar areia no mar, vamos apanhar areia no mar
(Vamos apanhar areia, vamos apanhar areia no mar)
Vamos pegar areia no mar, ê vamos apanhar areia no mar
(Vamos apanhar areia, vamos apanhar areia no mar)
Vamos apanhar areia no mar, botar uma flor pra Iemanjá
(Vamos apanhar areia, vamos apanhar areia no mar)
Vamos jogar capoeira no mar, vamos pegar areia no mar
(Vamos apanhar areia, vamos apanhar areia no mar)

Vamos embora camarada
Camarada eu vou me embora
(Vamos embora camarada)
Camarada chegou a hora
(Vamos embora camarada)
Camarada vamos embora
(Vamos embora camarada)

Vamos vadiar, vamos vadiar
Cheguei lá de Angola, agora pra vadiar
(Vamos vadiar, vamos vadiar)
Olha vamos vadiar, vamos vadiar
(Vamos vadiar, vamos vadiar)
Cheguei aqui hoje, olha vamos vadiar
(Vamos vadiar, vamos vadiar)

Vem jogar mais eu, vem jogar mais eu, mano meu
Vem jogar mais eu, amigo meu, vem jogar mais eu, mano meu
(Vem jogar mais eu, vem jogar mais eu, mano meu)
Vem jogar Angola, amigo meu, vem jogar mais eu, mano meu
(Vem jogar mais eu, vem jogar mais eu, mano meu)
Nessa roda de Angola, mano meu, vamos vadiar, mano meu
(Vem jogar mais eu, vem jogar mais eu, mano meu)

Vim no balanço do mar lá de Angola
Vim no balanço do mar lá da Guiné
Vim no balanço do mar de Mozambique
Só quem veio sabe como é
(Vim no balanço do mar lá de Angola
Vim no balanço do mar lá da Guiné
Vim no balanço do mar de Mozambique
Só quem veio sabe como é)
Vim no navio negreiro
Com uma corrente no pé
Vim trabalhar como escravo
Na colheita do café…

…(Vim no balanço do mar lá de Angola
Vim no balanço do mar lá da Guiné
Vim no balanço do mar de Mozambique
Só quem veio sabe como é)
Hoje sou negro liberto
A escravidão acabou
Hoje eu sinto saudades
Da terra que lá ficou
(Vim no balanço do mar lá de Angola
Vim no balanço do mar lá da Guiné
Vim no balanço do mar de Mozambique
Só quem veio sabe como é)

Vim no navio de Aruanda, Aruanda ê
Vim no navio de Aruanda, Aruanda â
Porque me trouxeram de Aruanda
Pra que me trouxeram de Aruanda
Vim no navio de Aruanda, Aruanda ê
(Vim no navio de Aruanda, Aruanda ê
Vim no navio de Aruanda, Aruanda â
Porque me trouxeram de Aruanda
Pra que me trouxeram de Aruanda
Vim no navio de Aruanda, Aruanda ê)

Vou me embora vou me embora
Vou me embora pra Angola
Vou me embora pra Angola
Berimbau já me chamou
(Vou me embora vou me embora
Vou me embora pra Angola)
Vou me embora pra Angola
Pois aqui não fico não
(Vou me embora vou me embora
Vou me embora pra Angola)

Vou pra Bahia, vou ver sinhá
Vou ver ioiô, vou ver iaiá
(Vou pra Bahia, vou ver sinhá)
Vou ver ioiô, vou vadiar
(Vou pra Bahia, vou ver sinhá)
Vou ver sinhô, vou ver sinhá
(Vou pra Bahia, vou ver sinhá)
Vou ver sinhá, vou vadiar
(Vou pra Bahia, vou ver sinhá)

Vou vender coco sinhá
Olha coco sinhá, olha coco sinhá
(Vou vender coco sinhá)
Coco sinhá que vem do Paraná
Vendo coco, cocada e castanha do Pará
(Vou vender coco sinhá)
Dinheiro na feira, eu posso ganhar
(Vou vender coco sinhá)
Quem não sabe não ensina, deixa quem sabe ensinar
(Vou vender coco sinhá)

Xô, xô meu canário
Meu canário é cantador
(Xô, xô meu canário)
Foi embora e me deixou
(Xô, xô meu canário)
Lá no pé da laranjeira
(Xô, xô meu canário)
Meu canário é da Alemanha
(Xô, xô meu canário)

Xô, xô sabiá
Deixa a fruta amadurar, sabiá
(Xô, xô sabiá)
Sabiá da laranjeira, sabia
(Xô, xô sabiá)
Ô deixa, amadurar, sabiá
(Xô, xô sabiá)
Ô sabiá, ô sabiá, sabiá
(Xô, xô sabiá)